quarta-feira, 27 de abril de 2011

Revistas literárias na internet: mapeamento e descrição

Marciano Lopes



O trabalho de catalogação e descrição de sites e revistas eletrônicas é muito importante , pois será com base nele que o professor poderá navegar e pesquisar material apropriado aos seus objetivos didático-pedagógicos com mais rapidez e eficiência. É claro que para realizá-lo é necessário uma boa dose de tempo, mas se o produto da pesquisa de cada professor for compartilhado com seus colegas em um banco de dados disponível a todos que tenham interesse, o resultado será muito mais rápido e satisfatório. Para isso, pode-se criar um blog para divulgação não apenas de relatos de experiências em sala de aula, propostas de atividades, resenhas críticas de obras literárias ou didáticas, como também para a divulgação de trabalhos como este que propomos no momento. Hoje, através da internet podemos ter acesso a uma biblioteca milhares de vezes maior do que a de Alexandria... é uma questão de aventurar-se com prazer e sem medo de ser feliz.


É claro que não é fácil - nem questão resolvida - distinguir entre o que é uma revista (literária ou não), um site, um portal ou um jornal quando tratamos de publicações no ciberespaço. Afinal, a mudança do meio impresso para o digital na web acarreta mudanças significativas. Na tela do computador tudo se confunde, não temos mais a corporalidade do material impresso para nos ajudar na distinção. Além do mais, a periodicidade deixa de ser um critério fundamental para a definição deste tipo de publicação. Do meu ponto de vista, parece-me que os principais critérios a serem adotados para a identificação de um espaço/sítio no ciberespaço como sendo uma revista eletrônica de literatura são: apresentar um perfil voltado para a publicação de textos de e sobre literatura, seções que contemplem diversos gêneros textuais (como criação literária, crítica, resenha crítica, entrevistas, reportagens) e espaço para o leitor (uma revista que se preze deve estar aberta ao diálogo e à crítica). É claro que toda publicação inevitavelmente terá seu ou seus editores - o que não significa ter um conselho editorial. A existência deste, assim como de periodicidade e ISSN são aspectos importantes para a valorização da revista perante órgãos governamentais, mas não são elementos essenciais em sua definição. Tais questões importam mais para burocratas e acadêmicos interessados em ter suas publicações reconhecidas - e pontuadas - pelos órgãos de fomento à pesquisa. Para nós usuários, professores, leitores, ou pretensos escritores que desejem ver suas obras publicadas e lidas, tais questões são irrelevantes ou de menor importância. Certamente não será a existência de conselho editorial e manutenção de periodicidade que garantirá a qualidade dos textos publicados...



Segue descrição de quatro revistas literárias eletrônicas. O procedimento utilizado pode servir de modelo para a realização da atividade de descrição de revistas ou mesmo de sites de escritores. Além do que foi feito e apresentado mais abaixo, é interessante considerar também o aspecto estético, ou seja, descrever e comentar o desing discutindo se ele é atraente e prático (se é de fácil navegação). Em outro momento acrescentarei comentários neste sentido, ampliando esta postagem.


Para ver o mapeamento de outras revistas literárias, veja o artigo "Revistas literárias on-line" neste blog.


Para encaminhar os trabalhos sobre descrição de sites de escritores, revistas literárias (adultas ou infanto-juvenis) ou propostas de atividades (planos de aula ou de curso) com base em material pesquisado nestas publicações, ENVIEM o texto em arquivo word (versão 2003 ou mais recente) para o e-mail do blog: ciberensino@gmail.com - não deixem de colocar vossos nomes assim como o da(s) escola(s) e cidade onde trabalham e de indicar as fontes dos textos e série (escolaridade) do publico-alvo no caso de planos de aula ou de curso. Para aqueles que lecionam em uma mesma escola, aceitaremos trabalhos em equipe.


O prazo máximo para envio da atividade (que valerá para complementar a carga horária do curso) será o dia 15 de maio.


Boa viagem aos navegantes!!!




Descrição

1. SIBILA - ISSN 1806-289X
URL: http://www.sibila.com.br/


Expediente:
a) Editores: Régis Bonvicino (São Paulo) e Charles Bernstein (New York)
b) Editor assistente: Marcelo Flores (São Paulo)
c) Editor de tecnologia: Tiago de Oliveira Fontolan (Sorocaba)
d) Conselho Editorial: Prisca Agustoni (Juiz de Fora), Andrés Ajens (Santiago de Chile), José Eduardo Barros (Rio de Janeiro), Aurora Bernardini (São Paulo), Cristino Bogado (Assumpción), Salvador Gallardo Cabrera (Cidade do México), Mario Camara (Buenos Aires), Maria Elisa Costa (Rio de Janeiro), Felipe Cussen (Santiago de Chile), Arkadii Dragomoshchenko (São Petersburgo), Yao Feng (Macau), Ronaldo Fraga (Belo Horizonte), João Adolfo Hansen (São Paulo), Gervais Jassaud (Paris), José Angel Leyva (Cidade do México), Iván Garcia Lopez (Cidade do México), Douglas Messerli (Los Angeles), Eduardo Milán (Cidade do México), Marjorie Perloff (Pacific Palisades), Claude Royet-Journoud (Paris) e Mauricio Salles Vanconcelos (São Paulo).

Periodicidade:
editada desde 2000. Inicialmente impressa e semestral, passou a ser online a partir do número 12, publicado em junho/2007. Ao se transformar em revista digital on-line, aparentemente deixa de ter uma periodicidade marcada.
Apoio cultural: CPFL Energia e Rádio Bradesco.

Seções
:
a) “English - Poetry around the World” -
b) “Crítica - Ensaios e resenhas sobre literatura e política” -
c) “Poemas - Poemas, vídeos, prosa” – Apesar do que indica, aprsenta predominantemente poemas, poemas traduzidos e poemas comentados.
d) “Estado crítico - Ensaios e resenhas sobre jovens autores” – Apesar de indicar que a seção trata de novos autores, há ensaios e resenhas sobre(e de) autores e críticos canônicos de várias épocas e não apenas sobre literatura.
e) “Arte/Risco - Artes visuais e poesia em confronto” -
f) “Mapa da Língua - Clássicos de toda a língua portuguesa” – Apesar do subtítulo, há textos sobre autores não clássicos e de língua espanhola também.
g) “Hotel Kafka - O mundo e a arte em trânsito”– Esta seção se confunde com a seção “Crítica”, pois também apresenta ensaios e resenhas sobre literatura e política, não estando claro o que as diferencia.

Além das seções indicadas acima e que estão à disposição para serem lincadas na barra de navegação da revista, há duas colunas – uma à esquerda e outra à direita da página principal – cujos conteúdos mudam conforme a seção acessada. Na coluna da esquerda, os links funcionam, aparentemente, como um sumário da seção, não estando claro se ele indica apenas as matérias da última edição da revista ou se de todas as edições. Na coluna da direita, intitulada “Sibila recomenda”, os links são permanentes, dividindo-se em: “Menu de livros, sites, blogs”, “Menu de autores da Sibila” e “E-dicionário de termos literários” e “Web-dicionário Português, Inglês, Espanhol, Italiano, Francês e Alemão”. O E-dicionário de termos literários é produzido coletivamente por autores cadastrados pelo site.

Perfil: publica predominantemente poesia, crítica literária e de literatura ccomparada (na seção “Arte/Risco”), resenhas e ensaios sobre política, nacional e internacional, o que a aproxima das revistas literárias de perfil modernista dominantes nas décadas de 60 e 70 (cf. NELIC).




2. GERMINA- Revista de literatura e arte – sem ISSN –
URL: www.germinaliteratura.com.br/


Expediente:
a) Editores (arte e desing): Mariza Lourenço & Silvana Guimarães
b) Colaboradores: apresenta lista de colaboradores, mas não esclarece se são fixos e se a lista está ou não em aberto.
c) Conselho Editorial: sem conselho editorial.


Periodicidade: sem periodicidade.

Apoio cultural: sem apoio cultural.


Seções:
a) “Uns” – listagem de poetas de “A” até “D”.
b) “Outros” – listagem de poetas de “E” até “J”.
c) “Poucos” – listagem de poetas de “K” até “M”.
d) “Raros” – listagem de poetas de “N” até “Z”.
e) “Eróticos & Pornográficos” – contos e poemas eróticos e pornográficos.
f) “Links” – apresenta 3 subdivisões: “Gerais” (para sites e revistas em geral), “Pessoais” (para sites de autores) e “Blogues” (para blogues de autores).

Perfil: publica predominantemente poesia, misturando autores consagradas, brasileiros ou não, aos autores novos, na maioria brasileiros. Após cada seleção de textos de um autor, segue um minicurrículo do mesmo, salvo quando o autor é muito canônico.



3. AGULHA- Revista de cultura – sem ISSN –
URL: http://www.revista.agulha.nom.br/


Expediente:
a) Editores: Floriano Martins (Fortaleza) & Claudio Willer (São Paulo)
b) Jornalista responsável: Soares Feitosa
c) Correspondentes: tinha correspondentes em vários países até o número 4/5. Depois deste número, os correspondentes são os próprios colaboradores, que variam a cada edição.
d) Conselho Editorial: apresentava conselho editorial até o número 2/3. Era assim formado: Alfonso peña (costa rica), Alfredo fressia (brasil), benjamin valdivia (méxico), contador borges (brasil), helena vasconcelos (portugal) , maria esther maciel (brasil), maria joão cantinho (portugal), mónica saldías (suécia), rodolfo häsler (espanha), saúl ibargoyen (méxico), soares feitosa (brasil). Estas pessoas permanecerão como correspondentes (papel que também já exerciam) no número seguinte (4/5).



Periodicidade: Encerrada. Durou por 10 anos (1999 a 2009) e teve 70 edições com periodicidade mensal ou bimestral.


Apoio cultural: Jornal de Poesia - www.jornaldepoesia.jor.br/


Seções: não apresenta seções. O portal apresenta links que dão acesso às seguintes páginas: “Edição atual”, “Coleção” (apresenta as edições da revista), “Editores” (apresenta a página de expediente da revista), “Galeria de revistas” (apresenta links para revistas de diversos países) e “Índice” (apresenta um índice alfabético de todos os colaboradores e links para os seus textos publicados na revista).


Perfil: publica artigos e ensaios de literatura e artes.



4. JORNAL DE POESIA – sem ISSN –
URL: www.jornaldepoesia.jor.br/


Expediente:
a) Editores: Soares Feitosa (Fortaleza/CE)
b) Jornalista responsável: Soares Feitosa
c) Correspondentes: tinha correspondentes em vários países até o número 4/5. Depois deste número, os correspondentes são os próprios colaboradores, que variam a cada edição.
d) Conselho Editorial: sem conselho editorial.

Periodicidade:
Sem periodicidade.

Apoio cultural: sem apoio financeiro, mas com parcerias com outras revistas literárias de língua portuguesa e espanhola em dois projetos em colaboração com Floriano Martins: “Projeto Editorial Banda Lusófana” e “Projeto Editorial Banda Hispânica”.

Seções:
não apresenta seções. Após a atualização da página com as matérias novas, há link para o “Projeto Editorial Banda Lusófana” e o “Projeto Editorial Banda Hispânica”. No final, há um índice alfabético dos autores (poetas, contistas e críticos) por meio de links com as letras do alfabeto, que levam a páginas com a relação dos autores cujo nome começa com a letra selecionada.

Perfil:
publica poemas e artigos sobre poesia.

sábado, 23 de abril de 2011

Sites de Escritores

A Internet configura-se, atualmente, como uma importante ferramenta para pessoas compromissadas com a educação. Com as transformações tecnológicas, a Literatura trabalha hoje com duas formas de leitura: a clássica e a virtual. A rede telemática internacional instaurou uma revolução, provocando transformações em todos os setores, incluindo, de modo especial, nas formas de aquisição do saber.

Diante dessa biblioteca universal que pode ser acessada de qualquer lugar e onde se encontra uma infinitude de textos, torna-se necessário desenvolver novas metodologias para o ensino de leitura de textos literários.

O professor é peça fundamental nessa engrenagem porque é ele o mediador entre tais textos literários e as representações simbólicas que permeiam a aprendizagem. É fundamental que haja uma redefinição do seu papel. Não se pode mais considerá-lo mero transmissor de conhecimentos. A rede mundial de computadores alterou tal processo. É preciso transferir para o estudante a responsabilidade da construção de seu próprio conhecimento, mas a orientação do professor não deve ser desconsiderada.

O ciberespaço, por configurar-se como possibilidade de infinitas pesquisas, precisa ser visto como um grande aliado. A WEB disponibiliza incontáveis sites de escritores, tanto daqueles consagrados pela tradição quanto por autores que iniciam sua atividade literária. Tais sites oferecem inúmeros subsídios para a ampliação de conhecimentos.

Os sites dedicados à literatura apresentam materiais extremamente variados, que vão desde biografias de autores até textos completos, incluindo fóruns de discussão (que favorecem a intercomunicação entre professores e alunos) e concorrem para a efetivação do processo de ensino/aprendizado. O objetivo final consiste na formação do leitor autônomo.

Eis algumas dessas fontes:

http://www.jkrowling.com/ - site oficial da autora da série de sucesso Harry Potter.

http://www.carpinejar.com.br/ - site do poeta Fabricio Carpinejar.

http://www.dominiopublico.gov.br/- site no qual são encontrados textos completos de escritores nacionais e internacionais.

http://www.brasiliana.usp.br/bbd - site da Universidade de São Paulo (USP) com várias edições (raras) de autores importantes.

http://www.releituras.com/ - Site de divulgação dos melhores textos de escritores. Disponibiliza resumos biográficos e bibliográficos de escritores brasileiros, cinemateca, vestibulares...

http://www.miniweb.com.br/ - Site que oferece cerca de 150 links, nos quais o internauta pode encontrar os mais variados tipos de páginas com informações diversas sobre Literatura nacional e internacional.

http://educacao.uol.com.br/literatura/ - Site que oferece ao internauta a possibilidade de ler alguns artigos e de encontrar testes sobre literatura.

Aproveitem as indicações, façam sugestões nos comentários e boa leitura para todos nós!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Transposição Midiática

Desde as placas de argila da epopeia de Gilgamesh no século VIII a. C., passando pelo trabalho de escribas e copistas, chegando à revolução de Gutenberg a partir de 1439, ao crescimento e expansão dos meios de reprodução do texto escrito e, por fim, até mesmo à tela do computador, a humanidade tem buscado, utilizado e enfrentado (em termos de reflexão e compreensão) as possibilidades midiáticas do texto escrito. Nessa evolução, os desdobramentos que se verificam não se limitam a questões de tecnologia ou ergonomia. As mudanças de mídias implicam em modificações mais profundas, com reflexos em nossa concepção do objeto, da arte e mesmo do produtor dessa arte. Da placa de argila até o tablet, muda não apenas o veículo e o texto: muda, com eles, o próprio ser humano.

Por isso, em nosso primeiro momento de nosso novo curso de extensão, “As revistas literárias e sites de escritores no ciberspaço: como usar na escola?” vamos discutir a natureza e as implicações da evolução de mídias, destacando um aspecto em particular: o modo como a transposição midiática obriga-nos a compreender em profundidade as modificações pelas quais passam nossos objetos de estudo, os textos. Para provocar nossa discussão, tomemos como ponto de partida o vídeo abaixo, “Do papiro à tela do computador”, interessante programa da série Livros ETC. Da TV Escola. O vídeo está disponível no Domínio Público:








Além disso, consideremos com atenção a passagem abaixo, de Roger Chartier:


A revolução do nosso presente é, com toda certeza, mais que a de Gutenberg. Ela não modifica apenas a técnica de reprodução do texto, mas também as próprias estruturas e formas do suporte que o comunica a seus leitores. O livro impresso tem sido, até hoje, o herdeiro do manuscrito: quanto à organização de cadernos, à hierarquia dos formatos, do libro da banco ao libellus; quanto, também, aos subsídios à leitura: concordâncias, índices, sumários etc. Com o monitor, que vem substituir o códice, a mudança é mais radical, posto que são os modos de organização, de estruturação, de consulta do suporte do escrito que se acham modificados. Uma revolução desse porte necessita, portanto, outros termos de comparação. (leia o texto completo aqui)

Passemos agora à discussão. Comente, problematize, participe!