terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fanfics e oficinas literárias




VARGAS, M. L. B. O fenômeno fanfiction: novas leituras e escrituras em meio eletrônico. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2005.


O livro de Maria Lúcia Vargas, resultado de sua pesquisa de mestrado, é uma leitura deliciosa e ótima para romper com alguns preconceitos com respeito ao gosto pela literatura de massa. Afinal, quem não começou sua jornada no mundo das letras por tais caminhos? Pra já ter iniciado com profundidade só mesmo sendo muito chato, com o perdão do trocadilho...
Em seu estudo, Maria Lúcia traça inicialmente uma história da fanfiction nos Estados Unidos e depois se debruça sobre o fenômeno no Brasil, procurando compreendê-lo como uma forma de letramento literário. Isso é possível porque nos sites de fanfic (como se costuma escrever no meio) ocorre a prática de reescritura de obras literárias por parte de seus fãs (daí advindo a expressão) acompanhada e orientada por membros mais experientes da comunidade - que ajudam os iniciantes discutindo os textos, fazendo críticas, dando sugestões e até mesmo, em alguns casos, censurando-os...
Entre as dez práticas pesquisadas inicialmente por Henry Jenkis nas comunidades do gênero nos Estados Unidos e citadas por Maria Lúcia Vargas em seu estudo, aponto para a utilização de oito. Os professores poderão aproveitá-las tanto para exercícios de reescritura de textos de literatura de massa – ao gosto dos alunos – como de obras canônicas, assim como para a prática de escrituras e reescrituras de textos dos próprios oficineiros, independentemente de seguir qualquer modelo literário já existente (como acontece no universo das fanfictions):

1) Recontextualização: consiste na escrita de narrativas que preenchem lacunas existentes no texto original.
2) Expansão da linha temporal: consiste na escrita de narrativas cuja ação está aquém ou além da linha de tempo da narrativa original.
3) Refocalização: consiste na escrita de narrativas que centram sua história em um personagem secundário na trama original.
4) Realinhamento moral: consiste numa refocalização levada ao extremo na medida em que “o universo moral do texto original é questionado ou mesmo invertido (VARGAS, 2005, p. 64). Aqui se abre a perspectiva para o trabalho com a paródia.
5) Troca de gênero: consiste na escrita de narrativas em que se mantém os personagens e demais elementos da narrativa original, mas se troca o gênero, passando, por exemplo, de drama ou romance (entendido aqui como história de amor) para comédia ou sátira. Aqui também se abre a perspectiva para o trabalho com a paródia.
6) Narrativas cruzadas (ou cross overs): consiste na escrita de narrativas que cruzem (misturem) histórias de diferentes livros.
7) Deslocamento de personagens: consiste na escrita de narrativas em que ocorre o deslocamento de personagens de uma série ou obra para o contexto de outra obra ou série.
8) Intensificação emocional: consiste na escrita de uma narrativa em que os personagens passam a viver um conflito novo e intenso, que não se encontra necessariamente no texto original.
Para quem quiser saber mais sobre o universo das fanfictions nos Estados Unidos e no Brasil, assim como sua importância para o letramento literário, fica o convite para a leitura do livro.

Marciano Lopes

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Duas experiências com blogs no ensino de literatura brasileira

O trabalho com blogs feitos coletivamente pelos alunos ou em conjunto com o professor pode ser uma experiência muito gratificante. Para colocar em prática as leituras e reflexões que venho fazendo, faz duas semanas que iniciei com os alunos de três turmas do curso de Letras da UEM uma proposta de produção de blogs aliados ao trabalho de seminário em sala de aula.






Nas turmas de Literatura Brasileira: Poesia, do 2º ano de Letras noturno (habilitações duplas), formaram-se grupos de cinco membros, cabendo a cada grupo manter um blog cujo tema é o ponto sorteado para o seminário da última avaliação. Além dos blogs dos grupos, criei um gerenciado só por mim para a disciplina (Poetas do Brasil), tendo por objetivo tratar dos poetas da fase colonial até o modernismo (que será o período estudado em classe), ficando o período posterior para eles tratarem nos blogs e no seminário. Dessa forma, é possível minimizar as lacunas impreenchíveis devido ao reduzidíssimo tempo de um semestre para estudar toda a poesia brasileira desde o período colonial até a contemporaneidade.







Com a terceira turma, da disciplina de Tópicos de Literatura Brasileira, em que estaremos estudando o conto contemporâneo pós 70, resolvemos fazer um único blog, que vai ser alimentado por mim e pelos grupos, que também receberam um ponto temático cada um. Trata-se do blog Contos e encontros, no qual minha parte é a de postar os textos relativos aos conteúdos que estarão sendo trabalhados em classe.

As vantagens com relação à avaliação tradicional dividida em prova escrita, artigo e seminário são várias, mas falarei sobre elas em um futuro texto. Somente adianto alguns critérios de avaliação estabelecidos e que serão fundamentais para garantir a qualidade da produção, a pesquisa contínua sobre o tema (evitando aqueles trabalhos feitos na última hora) e a interatividade (de modo que cada grupo não fique com suas leituras restritas ao seu tema, como acontece nos seminários em geral):
a) número mínimo de postagens: uma por semana;
b) variedade nos tipos e gêneros textuais assim como nas mídias utilizadas em cada postagem, as quais têm diferentes pesos na avaliação conforme a quantidade de informação agregada à(s) original(is),
c) interatividade com os demais grupos (cada um deve visitar os outros blogs ou as postagens dos outros grupos – no caso do trabalho coletivo em um único blog – e deixar recados, comentários, críticas, perguntas etc.).

Acompanhem o trabalho. Visitem o "blog-mãe" Poetas do Brasil - que levará através dos links favoritos e das visitas mais recentes aos demais blogs produzidos pelos grupos das duas turmas de Literatura Brasileira: Poesia. Visitem também o blog Contos e encontros, da disciplina de Tópicos de Literatura Brasileira, em que todos trabalhamos coletivamente em um único espaço.

Endereços:




Marciano Lopes e Silva

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O uso de blogs no ensino de literatura e redação

O ciberespaço com sua organização em rede, que permite os enlaces intra e extratextuais que caracterizam o hipertexto, potencializa o desejo de um ensino interativo e dialógico capaz de romper com a passividade do aluno, tornando-o um construtor do conhecimento juntamente com o professor, que deixa de ser um simples transmissor. É nessa perspectiva que se encontra a proposta de Maria João Gomes (2005) quanto à utilização de blogs no ensino. Segundo ela, eles podem ser usados como recurso ou estratégia pedagógica. Enquanto recurso são possíveis os seguintes usos pedagógicos dos blogs:

a) um espaço de acesso à informação especializada, seja pelo professor ou pelo aluno;
b) um espaço para o professor disponibilizar informações, ou seja, funciona como um livro on-line onde ele vai postando os textos a serem estudados na classe ou fora dela.

Enquanto estratégia pedagógica, podem ser utilizados como:

c) um potfólio digital, ou seja, espécie de diário de classe do aluno (ou de um grupo de alunos) onde se registra o “acompanhamento e a reflexão sobre as actividades e temáticas abordadas ao longo das aulas” (GOMES, 2005, p. 314);
d) um espaço de intercâmbio e colaboração em que alunos e professores de diferentes escolas, muitas vezes em regiões isoladas, possam interagir em torno de um projeto ou problema comum;
e) um espaço de debate e simulação de debate (excelente para aulas de produção de textos ou debate de ideias);
f) um espaço de integração, possibilitando ao aluno afastado da escola ou da sala de aula acompanhar os conteúdos estudados e interagir com o professor e a classe.

A diferença entre usá-los como recurso ou estratégia está relacionada com a relação que se estabelece entre o professor e os alunos no processo de ensino e aprendizagem. No primeiro caso, o seu uso privilegia o pólo do professor no papel ativo de produzir e postar os conteúdos, cabendo aos alunos lê-los e, no máximo, comentá-los; no segundo, privilegia o pólo dos alunos, a quem cabe a tarefa de produzir os textos e postá-los para comentários e orientações do professor. Nesse caso, o professor incentiva os alunos para que sejam os responsáveis por todo o processo de construção do conhecimento, que abrange a pesquisa, a seleção, a reorganização e a síntese das informações a serem postadas. Entreos dois pólos, há muitas combinações possíveis, entre os quais acrescentaria o de criar-se um blog para uso comum do professor e dos alunos, todos se responsabilizando pelo trabalho de pesquisa, seleção, organização e produção de postagens em torno de temas estabelecidos em comum acordo.

Desenvolver o ensino de redação e a produção textual no ciberespaço torna-se muito mais dinâmico e produtivo graças a sua estrutura. Conforme observa Daniel Cassany (s/d, p. 7):

Em conjunto, con la estructura hiper e inter-textual el escrito se convierte em um objeto comunicativo más abierto (que admite actualizaciones continuadas), versátil (permite diversidad de itinerarios), interconectado (relacionado com el resto de recursos enciclopédicos de la red) y significativo (multiplica sus posibilidades interpretativas).

Por tais características, a realização de oficinas de produção de textos on-line – sejam literários ou não – é algo bastante interessante. E o trabalho com blogs feitos coletivamente pelos alunos ou em conjunto com o professor pode ser uma experiência muito gratificante.
Marciano Lopes
Referências:

CASSANI, D. De lo analógico a lo digital. El futuro de La enseñanza de la composición. Lectura y vida. Revista latinoamericana de lectura. Año 21, n. 2, junio, 2000. Disponível em www.cerlalc.org/redplanes/.../Cassany_Analogica_a_digital.pdf. - Acesso em 10 de agosto de 2009.

GOMES, M. J. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. In: VII Simpósio Internacional de Informática Educativa. Leiria/Portugal, Novembro, 2005. Disponível em https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4499/1/Blogs-final.pdf. - Acesso em 10 de agosto de 2009.

Cristóvão Tezza vence Prêmio Literário da 13a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo

O romance O Filho Eterno do escritor Cristóvão Tezza publicado pela Gradiva, venceu o 6º Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura da 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo.
O livro foi considerado o melhor romance de língua portuguesa publicado entre Junho de 2007 e Maio de 2009. Este romance de Cristóvão Tezza já tinha sido galardoado com o Prémio Portugal Telecom, o Prêmio São Paulo de Literatura e o Prêmio Jabuti. O autor receberá 100 mil Reais.

Os romances A Viagem do Elefante de José Saramago e O Vento Assobiando nas Gruas de Lídia Jorge, encontravam-se entre os 10 finalistas desta edição do prémio Zaffari & Bourbon de Literatura, atribuído pela Universidade de Passo Fundo, no Brasil. Para Cristóvão Tezza, a vitória foi uma surpresa:

"Estou muito, mas muito feliz. Como sou muito realista, não esperava vencer mais um prémio, achei que era contra a lei das probabilidades, meio inverosímil. Mas estou muito feliz em vencer o prémio desta Jornada, que é um projecto que incentiva a literatura, envolve estudantes e toda a cidade. Finalmente vou conhecer Passo Fundo, estarei lá na abertura da Jornada no dia 26 de Outubro."

O romance O Fillho Eterno é baseado em fatos da vida do autor. A narrativa começa nos anos 80 com um aspirante a escritor com ideais libertários que não aceita o facto de seu filho ter nascido com síndrome de Down. Inicialmente rejeita e menospreza a criança chegando a desejar a sua morte. O protagonista vai trabalhar como professor universitário e carrega a amargura pela síndrome do filho, mas pouco a pouco, a relação entre ambos transforma-se.

Mia Couto foi galardoado, em 2007, com este prêmio, com o livro O Outro Pé da Sereia.

O Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pretende distinguir o autor do melhor romance publicado em língua portuguesa entre Junho de 2007 e Maio de 2009.


Fonte: Gradiva Publicações, S.A.
E-mail: geral@gradiva.mail.pt / encomendas@gradiva.mail.pt
URL: http://www.gradiva.pt

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Publicações on-line X Publicações impressas

Com a possibilidade de qualquer usuário conectado à internet criar gratuitamente contas de e-mail e páginas com seu perfil (onde podem ser disponibilizados diferentes mídias), blogs, “canais de TV” (no You Tube) e comunidades em sites de servidores ou de relacionamento, tal como o Orkut, além de poder postar sua opinião sobre qualquer assunto em fóruns, blogs e sites ou até mesmo seu texto literário em sites que funcionam como revistas eletrônicas, criou-se uma "cultura de participação" (JENKIS apud VARGAS, 2005) e do “faça você mesmo”, cujo fruto mais significativo talvez seja a Wikipédia. Se não considerarmos o aspecto das vendas – e do consequente retorno financeiro ao autor – no que diz respeito ao sistema de produção e circulação da literatura em uma sociedade capitalista, é possível considerarmos que a internet tornou possível a qualquer pessoa editar e divulgar seus textos sem ter que passar pela intermediação das editoras, distribuidoras e livrarias, assim tornando-se um autor no mercado dos bens simbólicos do campo literário. O que, é claro, não quer dizer que esse autor vá ser (re)conhecido, pois, no mínimo, é necessário alguma estratégia de divulgação/promoção que leve as pessoas ao seu site ou blog “a fim de que o texto publicado não fique num túmulo internético”, conforme observa, com razão, José Luis Jobim (2005, p. 129). Mas isso não é argumento contra o fato de a internet abrir espaço para qualquer um publicar-se, pois o mesmo pode ocorrer com a produção independente ou até mesmo com aquela feita por alguma editora (re)conhecida que “carimbe o passaporte” para o campo literário – carimbo que nem sempre é uma garantia de qualidade. Sistematizando, portanto, as vantagens que o meio da web apresenta com relação às publicações impressas (sejam feitas por editoras ou gráficas, de modo independente), arrolamos os seguintes aspectos:

1. Acesso amplo à publicação - A web disponibiliza novos espaços de publicação – sejam blogs, disponíveis gratuitamente para o internauta (mesmo os pouco experientes), ou sites. Nesse formato é que, em geral, se encontram as revistas literárias. Para publicar, o usuário pode apresentar seu texto para ser avaliado pelos editores ou, após cadastrar-se e receber uma senha para administrar o espaço que lhe é disponibilizado, inserir por conta própria seu texto – que estará on-line em questão de segundos, conforme a velocidade de conexão.
2. Edição de revistas com baixíssimo custo para os editores – A criação de sites que funcionem como revistas eletrônicas tem custos extremamente baixos, limitados à manutenção de servidor e domínio, além da aquisição de softwares que sejam necessários ao trabalho de edição.
3. Alcance mundial de público - A publicação de impressos (livros, revistas, etc.) necessita de distribuição, que no caso brasileiro sempre é muito limitada. Basta lembrar que o número de livrarias e bibliotecas no país é extremamente irrisório – para não se dizer ridículo. Em contrapartida, publicar no ciberespaço é ter a garantia de ser lido em qualquer lugar do planeta que tenha um computador conectado à web.
4. Interatividade autor-leitor no processo de criação - A publicação no ciberespaço possibilita uma interação com os leitores através do espaço de comentários, fóruns ou chats, o que não acontece quando o escritor publica apenas pelo meio impresso. No caso da publicação de um romance em blogs ou sites, assim como se fazia nos folhetins dos jornais nos séculos XVIII e XIX, o autor tem a vantagem de acompanhar diretamente os comentários dos leitores e de interagir/dialogar com eles durante o processo de escritura. Um caso exemplar e surpreendente, além dos sites de fanfictions, é o experimento de elaboração da comédia policial Os anjos de Badaró, de Mario Prata, escrita com a colaboração dos leitores de seu site (http://marioprataonline.com.br) durante seis meses.
5. Recursos multimídia - Uma revista eletrônica (assim como um e-book) pode dispor de recursos tais como imagens em movimento, vídeos e arquivos de som, além dos hiperlinks, o que no caso de uma publicação impressa não acontece - salvo outras mídias lhe acompanhem como encarte, mas isso não garante uma interação orgânica de imagens e sons com o texto, ou seja, a incorporação dessas outras linguagens na estrutura do texto.
6. Criação de redes de afinidades entre escritores e/ou leitores – A publicação em sites ou blogs possibilita através de links com outras publicações ou autores afins o estabelecimento de redes, o que favorece a divulgação do trabalho e o estabelecimento de comunidades de produtores e leitores. Exemplos são o Portal Literal (cuja curadoria é de Heloísa Buarque de Hollanda) e o blog As escolhas afectivas, criado pelo argentino Aníbal Crístobo, e que propõe uma curadoria autogestionada de poesia “de forma que um autor publique seus poemas e também mencione outros autores, que, por sua vez, farão o mesmo” (GUADALUPE, 2008, p. 698).

É claro que há algumas desvantagens, mas são bastante reduzidas e relativas. A mais evidente é o fato das publicações on-line serem bastante fugazes, ou seja, a garantia de perenidade dos textos digitais é muito menor do que aqueles impressos. Basta que o site ou o servidor desapareça para que se perca a(s) informação (ões) nele depositada(s). Mas essa desvantagem, quando confrontada com as inúmeras vantagens, não é tão relevante, até porque há formas de "driblar" esse perigo (publicando em diferentes espaços ou arquivando os textos para publicá-los novamente em outro, caso se perca o sítio original). Além do mais, a pequena tiragem de livros (pensemos nas edições esgotadas, o que não acontece jamais com um texto on-line) e o difícil acesso a eles parece ser um obstáculo bem maior.

Marciano Lopes e Silva
Referências:

GUADALUPE, A. A literatura brasileira em tempos de internet: blogs, microblogs e outros logs. In: SILVA, M. L e. et all. (org.). II Conali. Anais. Maringá/PR:UEM. 2008. p. 693-703. (CD-Room)

JOBIM, J. L. Autoria, leituras e bibliotecas no mundo digital. In: JOBIM, J. L. (org.). Literatura e informática. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2005. p. 115-131.

VARGAS, M. L. B. O fenômeno fanfiction: novas leituras e escrituras em meio eletrônico. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2005.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pequena Morte - Revista de Literatura e Artes

A pequena morte, editada desde 2006 a partir do Rio de Janeiro, sob a coordenação de Hugo Langone e Raquel Menezes (Universidade federal do Rio de Janeiro) dedica-se à divulgação de ensaios, traduções, poesia, entrevistas e artes plásticas. Em 2008, para assinalar dois anos de existência, publicou uma antologia de poesia e ensaios impressa, em cujo elenco se encontram Eucanaã Ferraz, Gastão Cruz, Leonardo Gandolfi, Luis Maffei, Pedro Eiras, Manuel de Freitas, Rui Pires Cabral, Ana Luísa Amaral, entre outros. Segue abaixo o editorial de seu número 18.

Editorial

Mais do que nunca, a literatura vem perdendo seu caráter ontológico e se afirmando como um termo extremamente funcional. Se, mesmo em tempos diferentes, os trabalhos literários outrora partilhavam princípios comuns, agora vemos uma confluência de certezas e experimentações, num movimento que torna cada vez mais difícil o trabalho dos críticos.

De forma especial, a edição #18 da revista pequena morte. vem ilustrar este cenário. Em primeiro lugar, traz o complexo mar em que desembocam os rios de tantas épocas, sob, claro, o olhar de nossa contemporaneidade: Claudio Duffrayer resgata as metamorfoses de Clarice e Raduan Nassar para levá-los até Pedro Abelardo; Mariana Bandeira visita Arthur Schnitzler, Viena e as crises do homem moderno; enquanto Ricardo Pinto de Souza, nosso colunista, caminha entre conceitos e a Madonna de Stalingrado, para chegar, enfim, à velha aura benjaminiana.

No entanto, a confusão (exagerada ou não, tanto em sua origem, quanto na forma de encará-la) não nos tira a vontade do novo e a vontade da escrita, e novas lenhas são sempre jogadas à fogueira do problema. Prova disso são as resenhas de Pedro Lopes de Almeida e de Luis Maffei, feitas a Pedro Eiras & Nuno Barros e a Rui Pires Cabral, respectivamente. Tudo isso acompanhado dos traços de Mirella Farias e pelas declarações de Neil Bresner, entrevistado canadense que, com sua atuação junto a universidades de todo o mundo, fomenta o pensamento crítico nesta realidade de interrogações.

Se é cada vez mais complexa nossa posição em meio a tantas literaturas e linguagens, que ela ao menos nos ofereça um inevitável transbordamento da dimensão humana carregada pela arte. Boa leitura a todos!
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Nosso agredecimento a Pedro Lopes Almeida, estudante da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal), pela colaboração.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

ROL DE EVENTOS (CONGRESSOS, SEMINÁRIOS ETC.)

V SIGET - Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais
11 a 14 de Agosto de 2009
Universidade de Caxias do Sul - RS
http://www.ucs.br/ucs/extensao/agenda/eventos/vsiget/portugues/apresentacao

13a JORNADA NACIONAL DE LITERATURA DE PASSO FUNDO
25 a 9 de agosto -Passo Fundo
http://jornadadeliteratura.upf.br

III SIMPÓSIO GÊNEROS HÍBRIDOS DA MODERNIDADE: Literatura no cinema
- UNESP/ASSIS-SP
Data: 16 e 17 de setembro de 2009
Local: Campus da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – Assis - SP
http://www.unioeste.br/eventos/ixseminariolhm/

Para sempre Poe
200 anos de nascimento de Edgar Allan Poe
20 a 23 de setembro de 2009
UFMG / Belo Horizonte - MG
http://www.ufmg.br/poe

I SINAGEL – SIMPÓSIO NACIONAL DE GRUPOS DE PESQUISA EM ESTUDOS LITERÁRIOS
6 a 8 de outubro de 2009
Maringá - PR
http://www.ple.uem.br/sinagel

Congresso Internacional Deslocamentos na Arte
20 a 23 de outubro de 2009
Ouro Preto - MG
http://www.ifac.ufop.br/efa/deslocamentos/index.htm

XIX Seminário do CELLIP
21 a 23 de outubro de 2009
Unioeste - Cascavel
http://www.unioeste.br/eventos/cellip/

XIV Convention of English Teachers of the Southern States:
New Trends in English Teaching and Learning
23 a 24 de Outubro de 2009
Universidade Federal de Santa Catarina
http://www.cce.ufsc.br/~aplisc/

XII SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA e
II Simpósio Internacional de Letras e Linguística
17 a 19 de novembro de 2009
Universidade Federal de Uberlandia - MG
http://www.ileel.ufu.br/silel2009

IV Colóquio Rousseau
16 a 19 de novembro de 2009
Universidade Estadual de Londrina
http://www.uel.br/eventos/quartocoloquiorousseau/pages/iv-coloquio-rousseau/apresentacao.php

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Três dicas de blogs e portais de educação

1) Portal Ensinando - Objetivo: pretende consolidar-se como um porto para os professores e pedagogos navegantes da internet. Para isso tem trabalhado para construir uma forte imagem de eficiência, confiabilidade e agilidade. Tem firmado parcerias com instituições renomadas e pretende em médio prazo atingir de forma mais abrangente os países de língua portuguesa.Pretendemos crescer consistentemente, construindo uma sólida rede de parceiros e colaboradores satisfeitos com nossos serviços. A organização da empresa está baseada em procedimentos padrões, na forma de fluxograma de fácil entendimento para novos funcionários e estagiários, visando assim descentralizar os serviços. Além de contar com colaboradores renomados de todo país. A assistência é feita a todos os que necessitam, com atendimento personalizado, agilidade que a internet oferece. Garantia de qualidade e capacitação contínua, estão entre as prioridades estratégicas da empresa. Link:
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2) Construindo, trocando, educando (CTE) - Quem são: Os membros são professores da Equipe de formação da GEIF - Gerencia de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação de Pernambuco. Está localizada na UEAD (Unidade de Educação a Distancia), responsavel pela formação dos Coordenadores de CTE - Central de Tecnologia. Link:
:
3) Educa Tube - Criado (MAIO/2009) para indicar vídeos de e para educadores, além de sugerir diversos recursos tecnológicos com fins educativos. Apesar de recente, o blog tem muito material disponível, além de orientações sobre procedimentos de informática, tais como transformar slides feitos no power point em vídeo para disponibilizá-los no You Tube. Link:
:
Pesquisa: Marciano Lopes

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Revista eletrônica: uma janela para a aprendizagem





Dinah Franke Moreira*




Como professora de Língua Portuguesa e Literatura, considero um desafio levar os jovens (alunos) de hoje a apreciar seu processo de aprendizagem ou ir em busca do conhecimento. Acredito que uma das razões desse desinteresse seja o acesso a diferentes recursos tecnológicos, exposição a um verdadeiro “bombardeio” de informações, imagens e cores, o que possivelmente interfere na atenção, na concentração e no interesse pelos livros. Assim, como parte integrante do meu processo de formação continuada, propus aos alunos do 2º ano “A” do Colégio Estadual Primo Manfrinato (Cianorte - Paraná) a produção de uma revista eletrônica, acreditando ser uma forma de ampliar o universo cultural e aperfeiçoar a capacidade lingüística dos mesmos, já que as produções passariam a ter um leitor real, além de fazer uso da internet.


A proposta foi muito bem aceita, visto que se trataria de um trabalho midiático e que extrapolaria os muros da escola, pois para produzir entrevistas e reportagens seria preciso sair da escola para buscar dados e informações desejados.


Iniciamos o desenvolvimento do projeto no início do ano letivo, fazendo leituras e análises de revistas ou periódicos impressos e de exemplares eletrônicos, para compreender as condições de produção, os objetivos, o público leitor, a especificidade e a funcionalidade de cada texto. Decidimos o perfil da revista, que gêneros seriam produzidos e que temas seriam abordados. Todas essas definições ocorreram num processo coletivo e democrático. As produções deveriam ocorrer em equipe, o que de certa forma ajudaria a inspirar confiança. Os mais entendidos em informática seriam os responsáveis pela diagramação e pela editoração da revista, a qual recebeu o nome de revista eletrônica ativ@idade e será concluída no 3º bimestre do corrente ano, mas já está on-line desde o dia 30/06/2009.
Posso assegurar, como professora, que é um projeto que contribui em muito para o crescimento intelectual dos alunos, mas para desenvolvê-lo com mais qualidade a turma não poderia ter 49 alunos, como o ocorrido.




NOS BASTIDORES DA PRODUÇÃO



Para a composição da revista eletrônica ativ@idade os alunos escolheram os temas segundo os interesses, sendo: meio ambiente, saúde, beleza, moda, esporte, drogas, amor, música e o jovem no mercado de trabalho. Igualmente foram definidos os gêneros a serem produzidos, ficando como indicativo maior reportagens, entrevistas, poemas, artigos, propaganda social e texto imagético ou fotografias. Para auxiliar na compreensão do processo de editoração, os alunos fizeram uma visita ao Jornal Tribuna de Cianorte (ver foto acima), momento em que conheceram o trabalho do editor, do diagramador, dos repórteres (como ocorre a captação das informações) até o processo de impressão do jornal, onde foi possível ler a edição que seria distribuída no dia seguinte.


O jornal aproveitou a presença dos alunos e publicou uma reportagem sobre a visita, salientando a importância da aprendizagem além da sala de aula, matéria esta que serviu de subsídio e de incentivo para as produções em classe. Vários grupos optaram por fazer entrevistas com professores e pessoas de destaque na sociedade.

Em uma seção da revista tivemos a contribuição de alunos do Colégio Estadual Cianorte, que divulgaram seus trabalhos (propaganda social) realizados no projeto da professora PDE Leonice Fancelli.

Para cobrir os custos de hospedagem da revista eletrônica ativ@idade, contamos com a parceria do comércio local.

A primeira edição será finalizada no mês de agosto com o retorno das aulas, mas já está on-line no endereço: http://www.revistaatividade.com/, desde o dia 30/06/2009.
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* Professora do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná - http://www.pde.pr.gov.br/modules/noticias/) - orientação: prof. Dr. Marciano Lopes e Silva (UEM)
Observação: o site está ainda em desenvolvimento, assim como a primeira edição on line. Como no momento os alunos estão de férias, o trabalho será retomado somente no final de julho.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Cinema e Literatura em debate: III Simpósio Gêneros Híbridos da Modernidade


III SIMPÓSIO GÊNEROS HÍBRIDOS DA MODERNIDADE: Literatura no cinema
- UNESP/ASSIS-SP
Data: 16 e 17 de setembro de 2009
Local: Campus da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – Assis - SP
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APRESENTAÇÃO

O Seminário Nacional de Literatura, História e Memória é uma das atividades do grupo de pesquisa “Confluências da ficção, história e memória na literatura”, da Unioeste/Cascavel-PR, vinculado ao Programa de pós-graduação stricto sensu – Mestrado em letras : Linguagem e Sociedade. O grupo está cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, desde a sua criação em 2007. Fazem parte deste grupo pesquisadores da graduação e da pós-graduação da Unioeste/Cascavel e outras IES, alunos e ex-alunos do Programa de Pós-Graduação em Letras. Na sua IX edição, em 2009, o evento torna-se interinstitucional, congregando o III Simpósio Gênero Híbridos da Modernidade: Literatura no cinema – atividade anual do grupo de pesquisa “Narrativas Estrangeiras Modernas: Gêneros Híbridos da Modernidade”, da UNESP/Assis-SP, que será a anfitriã do evento este ano.

SIMPÓSIOS:

1. LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES
COORDENADOR: Drº. Antonio Roberto Esteves – UNESP/Assis

2. LITERATURA E CINEMA: RELEITURAS DA HISTÓRIA
COORDENADORA: Drª. Maria Lídia Lichtscheidl Maretti – UNESP/Assis

3. LITERATURA E CINEMA: MEMÓRIAS DA GUERRA
COORDENADORA: Drª. Cátia Inês Negrão Berlini de Andrade – UNESP/Assis

4. LITERATURA E CINEMA: ESTUDOS DE GÊNERO
COORDENADORA: Drª. Cleide Antonia Rapucci – UNESP/Assis


5. LITERATURA E CINEMA: INTERTEXTUALIDADES
COORDENADORA: Drª. Ana Maria Carlos – UNESP/Assis

6.LITERATURA, CINEMA E ALTERIDADE
COORDENADORA: Drª. Neide Hissae Nagae

7. O UNIVERSO LITERÁRIO HISPANO-AMERICANO E O CINEMA
COORDENADOR: Drº. G. Francisco Fleck – UNIOESTE/Cascavel

8. CLÁSSICOS DA LITERATURA E DO CINEMA
COORDENADORA: Drª. Lourdes Kaminski Alves – UNIOESTE/Cascavel

9. LITERATURA, CINEMA E IMAGENS
COORDENADOR: Drº. Acir Dias da Silva

10. LEITURAS FÍLMICAS DA LITERATURA BRASILEIRA: NOVAS LINGUAGENS NA SALA DE AULA
COORDENADOR: Wagner de Souza

MAIS INFORMAÇÕES, ACESSE O SITE:
http://www.unioeste.br/eventos/ixseminariolhm/

quarta-feira, 10 de junho de 2009

17o COLE - 20 A 24 JULHO - UNICAMP

Para saber sobre o 17o Congresso de Leitura do Brasil veja o site
da Associação de Leitura do Brasil: http://www.alb.com.br/portal.html

Revistas literárias on-line

A lista de revistas eletrônicas abaixo foi organizada por Ademir Demarchi (ao lado) e retirada de seu artigo "Literatura e editoração: o perfil das revistas literárias na atualidade", apresentado em mesa-redonda durante o II Conali (Congresso Nacional de Linguagens em Interação) e entregue para publicação no livro (ainda em editoração) Linguagens em interação I - temas literários, que será lançado ainda este ano. Nessas revistas há também links para outras também interessantes. Boa leitura!

Sibila - http://www.sibila.com.br/ – Editor: Régis Bonvicino.

Confraria do Vento - http://www.confrariadovento.com/ - Editores: Márcio-André, Ronaldo Ferrito e Victor Paes – 23 edições eletrônicas e uma impressa .

Critério - http://www.revista.criterio.nom.br/ – Editor: Marcelo Chagas – 9 edições.

Zunái - http://www.revistazunai.com.br/ - Editores: Cláudio Daniel – Rodrigo de Souza Leão – 15 edições (2005-8).

Germina - http://www.germinaliteratura.com.br/index1.htm - 27a edição 2008 (desde 2003).

Agulha - revista de cultura - Fortaleza-São Paulo - http://www.revista.agulha.nom.br/ – Editores: Floriano Martins e Cláudio Willer - floriano@secrel.com.br.

Web Livros - http://www.weblivros.com.br/ - Editor: Reynaldo Damazio - rdamazio@uol.com.br.

Tanto - http://www.tanto.com.br/ - Editor: Luiz Edmundo Alves - tanto@tanto.com.br.

Corsário - http://www.corsario.art.br/index.php.

Máquina do Mundo – Editor Charles Kiefer – Porto Alegre – 6 edições on line em 2005 - http://www.bestiario.com.br/maquinadomundo/especial.htm.

Bestiário – revista de contos - http://www.bestiario.com.br/26.html - inicio 2004 - 26.ª edição janeiro 2007. Editores: Roberto Schmitt-Prym, Charles Kiefer.

Revista Etc - http://www.revistaetcetera.com.br/ - início 2001 – edição 22 (atual 2008). Editor Sandro Saraiva.

Portal Literal - http://portalliteral.terra.com.br/ - 6 anos no ar. Curadoria: Heloísa Buarque de Hollanda. Atua como comunidade on line que produz e debate cultura em ambiente colaborativo conjugando ferramentas da chamada Web 2.0, permitindo aos usuários construir coletivamente seu conteúdo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pesquisadores da Associação de Leitura do Brasil - ALB apresentam seus trabalhos em terras além mar!!

Com a coordenação de Ezequiel Theodoro da Silva e Norma Sandra de Almeida Ferrreira (ALB- Grupo de Pesquisa ALLE, FE-UNICAMP), pesquisas que têm como foco a leitura serão discutidas no Simpósio A RODA DOS PESQUISADORES DA ASSOCIAÇÃO DE LEITURA DO BRASIL – investigações sobre leitura, no II SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA, a realizar-se na cidade de Évora, Portugal, no período de 6 a 11 de outubro do ano corrente. O objetivo principal do Simpósio é “reunir e apresentar múltiplos aspectos dos processos e das práticas de leitura como objeto de reflexão e/ou de análise empírica, em sua diversidade e complexidade. Em um país como o Brasil, em que o acesso aos bens e às práticas da cultura letrada se dá de forma desigual, pôr em circulação o debate sobre leitura, discuti-lo coletivamente, não é somente uma necessidade, mas também um posicionamento de natureza política”.
VEJA MAIS EM http://www.simelp2009.uevora.pt/

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Estrutura e ferramentas do ciberespaço na literatura: Todos contra D@nte

Vale a pena ler Todos contra D@nte (Cia das Letras, 2008). Além da relevância do tema abordado - a prática de violência moral e psicológica por jovens contra seus pares em ambiente escolar (em inglês, bullying; em francês, harcèlement quotidien; em italiano, prepotenza ou bullismo; em alemão, agressionen under schülern) – o livro merece destaque pelo caráter inovador de seu projeto gráfico. Ao lado de estruturas textuais típicas do século XXI (blogs, comunidades, chats) e da linguagem utilizada pelos jovens na internet, o protagonista do texto dialoga com um escritor do século XIII, Dante Alighieri, por meio da leitura de sua Divina Comédia, livro de cabeceira de nosso “herói”, homônimo do escritor italiano. O diferencial do projeto gráfico para o livro não se revela pela presença de ilustrações e imagens, e sim pela disposição do texto. Nas páginas à esquerda, a narrativa desenrola-se a partir de links numerados, pequenas caixas de texto que se ligam às informações veiculadas nas páginas à direita, todas como caixas de diálogos, blogs ou discussões de comunidades, estruturas muito conhecidas por jovens viajantes do ciberespaço. Há ainda o Post Scriptum, “O motivo sinistro”, paratexto com o qual o autor explica as ligações da história com a realidade, e as transformações literárias por que passou.

Sobre o Autor:

Luís Dill, autor do texto, nasceu em Porto Alegre no dia 04 de abril de 1965. Formou-se em Jornalismo pela PUCRS. Como jornalista, já atuou em assessoria de imprensa, jornal, rádio, televisão e Internet. Atualmente, é Produtor Executivo da Rádio FM Cultura na capital gaúcha, onde reside, e colabora em jornais e revistas. Estreou como escritor em 1990 com a novela policial juvenil A Caverna dos Diamantes (Sulina). Tem 21 livros publicados, além de participações em coletâneas. Finalista de diversos prêmios literários, recebeu o Açorianos/2008 na categoria contos pelo livro Tocata e Fuga (Bertrand Brasil, 2007); sua mais recente publicação é De carona, com nitro (Artes e Ofícios, 2009).

Alice Áurea Penteado Martha

quinta-feira, 4 de junho de 2009

PARTICIPE DA 13a JORNADA NACIONAL DE LITERATURA DE PASSO FUNDO

Apesar do nome, a jornada de literatura de Passo fundo - que há anos não só é um sucesso como é considerada um dos eventos literários mais importantes do país - é um evento internacional, pois reúne pesquisadores (veja abaixo) e escritores de inúmeros países. Em sua programação há espaço para todos os gostos e idades, pois nela ocorrem paralelamente a 5a Jornadinha (para as crianças e amantes da literatura infantil), o 3o Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras, o 2o Encontro Estadual de Escritores e um Seminário Internacional de Contadores de histórias - entre outras atividades. Nesta postagem, daremos destaque ao:
8º SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LEITURA E PATRIMÔNIO CULTURAL
com o tema: "Biblioteca, leitura e multimídia" - Data: De 25 a 29 de agosto
Local: Das 8h30min às 11h30minAuditório da Biblioteca Central da UPF - Campus I

Neste Seminário serão tratadas questões sobre a formação de leitores, no contexto em que a informática e as mídias atuam sobre livros e todas as manifestações artísticas, com a presença de importantes pesquisadores oriundos de várias partes do mundo. Destacamos abaixo as presenças internacionais:

- Eloy Martos Nuñes - Universidad de Extremadura – Espanha
- José Luis Gurria Gascón - Centro Extremeño de Estudios y Cooperación con Iberoamérica-Espanha
- Nick Montfort - MIT – USA
- Max Butlen - Institut National de Recherche Pédagogique – França
- Pierre Lévy - University of Ottawa – Canadá
- Alberto Martos Núñes Garcia - Universidad de Extremadura –Espanha
- Santiago Yubero - Cepli - Espanha
- Agustín Vivas - Universidad de Extremadura -Espanha
- Gabriel Nunes - Universidad de Almeria -Espanha
- José Yepes - Universidad Complutense -Espanha
- Ana Maria Hernández Carretero - Universidad de Extremadura – Espanha
- Laura Niembro - Feira Internacional do Livro de Guadalajara – México
- Constanza Mekis – Chile
- Adriana Pantoja - Guadalajara-México
- Józef Baran – Polônia

O evento está aberto também à apresentação de comunicações! Venham participar com a gente!!! Para conhecer a Jornada, acessem: http://www.jornadadeliteratura.upf.br/

terça-feira, 2 de junho de 2009

LITERATURA, EDUCAÇÃO & INTERNET : ALGUMAS PROVOCAÇÕES



A informatização da sociedade é, hoje, mais do que uma realidade: é um processo irreversível. Como tudo na vida, tem “prós” e “contras”, embora os “prós” sejam, sem dúvida, muito mais numerosos. Entre eles, a economia de capital e meios, a agilidade e a democratização no acesso e na troca de informações são grandes e incontestáveis virtudes. Não explorá-las é tolice.
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É claro que a crescente informatização dos serviços – sejam públicos ou privados – pode se constituir em mais um mecanismo de exclusão social. Mas este problema não é um mal essencial à informatização e muito menos à internet, e sim decorrente das desigualdades sociais. Em países e comunidades nos quais a educação e as condições dignas de existência sejam direitos garantidos a todos, tal questão não tem razão de ser. Infelizmente, não é o nosso caso.
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No quadro da informatização, a internet é a grande vedete. O acesso rápido e fácil à informação em escala mundial é sua maior virtude. Aliado a ela, mas em segundo plano, estão a economia de meios e capital assim como o binômio descentralização-democratização. Publicar ficou muito mais fácil e barato. Os altos preços das editoras ou gráficas e a reduzida circulação/distribuição das obras são limitações amplamente superadas pelas condições dadas pelo mundo virtual. Não é à toa que hoje multiplicam-se revistas eletrônicas e não as impressas, embora as últimas sejam mais valorizada no mercado.
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Por ser historicamente recente, a internet tem seu uso muito pouco regulamentado por lei. Está livre para aventureiros, empreendedores, cidadãos comuns e até doidos sonhadores... Vivemos, por isso, na sua era romântica.
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A internet vai imbecilizar os jovens e comprometer as futuras gerações. Não desenvolve o domínio sobre a língua e muito menos o senso crítico! Pior: destrói a linguagem e banaliza a arte! Besteira. Já disseram o mesmo ou coisa parecida sobre o cinema, a fotografia e a tv quando surgiram. A internet, assim como as três atrás, é canal e não mensagem... Tudo depende de como for usada, ou seja, ela é meio e não fim.
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Não parece haver limites para temas e linguagens na internet! Nela encontramos desde a pobreza monossilábica de certas gírias até a alta linguagem das artes; desde a propaganda estatal até a propaganda de grupos extremistas e clandestinos. Tantas aldeias, festas e ritos quantas tribos existirem... Inferno e paraíso... Espelho do mundo.
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Em muitos sites, o autor pode colocar seus textos diretamente, sem passar por nenhuma seleção. É só digitar e enviar. Em questão de segundos, o texto está on-line. Com isso, temos a democratização dos canais de publicação, mas, em contrapartida, também ocorre a redução do valor simbólico dos textos. Daí o “preconceito” acadêmico ainda existente com respeito à publicação, seja literária ou científica, na internet.
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Atualmente, podemos ver, em Maringá, um movimento de disseminação das lan-houses pelos bairros, sendo que o preço para o uso da internet é bastante acessível. Tais fatos demonstram que o processo de descentralização e democratização do seu uso está em franco andamento. Nós, artistas e educadores, não podemos fechar os olhos para esta realidade. Pelo contrário, devemos pensar em meios para transformar a internet em um poderoso instrumento na formação da cidadania.
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Para nós, escritores e/ou professores de literatura, a internet é um poderoso instrumento. Através dela, podemos, além de divulgar nossos textos, desenvolver oficinas de criação literária através dos fóruns. Tais mecanismos têm o mérito de não apresentar os entraves de tempo e espaço decorrentes dos meios tradicionais utilizados, em que é necessário estabelecer horários de encontros, gastar com aluguel de espaços físicos e materiais didáticos. Tais vantagens nos permitem atingirmos um público muito mais amplo, incluindo aí pessoas que não possuem tempo disponível para frequentar salas de aula. E tal prática na internet não é nova, os fóruns de criação literária e de RPG estão aí para demonstrar a viabilidade da ideia. Cabe a nós partirmos destas condições e pensarmos em estratégias didáticas para o seu uso com fins educativos.
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O caráter interativo da internet – que possibilita ao aprendiz da literatura tornar seu trabalho público para um grande número de pessoas e também trocar idéias e experiências com elas – recupera qualidades positivas de um bom processo de aprendizagem que há muito foram banidas das classes brasileiras, principalmente do ensino público, em que as condições de trabalho dos professores e os recursos didáticos disponíveis são lamentáveis.
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Para os amantes da literatura e, em especial, da poesia, a internet é um imenso oceano. O problema é não se perder, ou se afogar, com tanto mar...

Marciano Lopes e Silva

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Resumo do Projeto "Literatura, leitura e escrita no ciberespaço"

O trabalho com os multimidia, com toda sua gama de significados e alcance, não pode ser considerado um fim, mas deve ser visto como um recurso, um meio que atua na formação de leitores, tanto em ambiente escolarizado como nos diversos segmentos da sociedade. Deste modo, o projeto Literatura, leitura e escrita no ciberespaço procura conhecer e estudar os diferentes tipos de textos e maneiras de se ler e escrever nesse espaço resultante da interconexão mundial de computadores via internet. Em outras palavras, procura-se abrir novas frentes de pesquisa no campo da produção e da leitura do texto literário, bem como de outras práticas de escrita, de modo a se compreender, por um lado, como elas são condicionadas por esse meio e, por outro, como a sua utilização poderá contribuir para melhorar a educação e, por conseguinte, formar cidadãos mais críticos e participantes.