terça-feira, 7 de dezembro de 2010

As cores do mundo de Lúcia - de Jorge Fernando dos Santos


(Neide Medeiros Santos – Crítica literária – FNLIJ/PB)

Saiba que os poetas como os cegos
podem ver na escuridão.
(Edu Lobo/Chico Buarque de Holanda. Choro Bandido)


A temática dos excluídos na literatura infantil vem crescendo nos últimos anos. No Brasil, encontramos muitos livros de literatura infantil que tratam de aspectos ligados àqueles que vivem isolados da sociedade por algum tipo de deficiência ou discriminação. Nos livros para o público infantojuvenil, encontramos assuntos que transitam da marginalidade à intolerância racial, Os livros “Marginal à esquerda”, de Ângela Lago, “Carvoeirinhos” de Roger Mello, “Sapato Alto” de Lygia Bojunga Nunes abordam temas modernos que antes não apareciam na literatura infantil brasileira.
Daniel Munduruku, com muita propriedade, procura redimir a figura do índio; Rogério Andrade Barbosa valoriza a cultura africana com histórias que remontam aos países africanos. Luciana Savaget, com uma série de livros sobre os árabes, traz...

(para ler o restante do texto, clique aqui e conheça o blog Nas trilhas da leitura, da Dra. Neide Medeiros Santos, excelente!)

Congresso: O insólito na literatura infanto-juvenil

O Insólito e a Literatura Infanto-Juvenil

III Encontro Nacional
O Insólito como Questão na Narrativa Ficcional

IX Painel
Reflexões sobre o insólito na narrativa ficcional

Instituto de Letras da UERJ
18 a 20 de abril de 2011

Inscrições com apresentação de trabalho em simpósio e/ou sessão de comunicações livres
até dia 10 de março. Para saber mais clique aqui.

Realização
SePEL.UERJ
Seminário Permanente de Estudos Literários
Grupo Nós do Insólito

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

OS DEZ MELHORES USOS DO TWITTER NA EDUCAÇÃO



O Twitter, o site que permite escrever em 140 caracteres o que está fazendo em qualquer momento, tem se posicionado como uma das redes sociais mais importantes, após Facebook e Myspace, e já se começa a utilizar com finalidade acadêmica com resultados muito bons, assim determinou um estudo realizado na Universidade de Leicester, na Inglaterra.


A investigação demonstrou que o Twitter pode atuar como uma ferramenta excepcional de comunicação no mundo acadêmico, pois ajuda a desenvolver o apoio mútuo entre os estudantes, aumentando seu uso antes das provas ou durante a revisão dos exames.


O estudo determinou ainda que o serviço de microblogging serve como uma sofisticada ferramenta de análise e recompilação de dados on line e que ajuda a avaliar e registrar as experiências dos estudantes.


Um estudo demonstrou que esta rede social pode ter um uso pedagógico excepcional, apesar de muitos professores ainda não terem encontrado sua utilidade educativa. Aqui apresentamos algumas ideias interessantes para reproduzir.


O USO NA EDUCAÇÃO


Ainda que muitos professores não encontrem a utilidade educativa do Twitter; Steve Wheeler, professor da Faculdade de Educação na Universidade de Plymouth, Inglaterra, selecionou os 10 melhores usos na educação:


1. Painel de anúncio: Para comunicar aos estudantes mudanças nos conteúdos dos cursos, horários, lugares ou outra informação importante.


2. Resumindo: Pedir aos alunos que leiam um artigo ou capítulo e, a continuação, fazer um resumo ou síntese dos principais pontos. Um limite de 140 caracteres exige muita disciplina acadêmica.


3. Compartilhar links: Periodicamente cada estudante tem a obrigação de compartilhar com seus companheiros links interessantes que tenham descoberto.


4. Seguir famoso: Seguir uma pessoa famosa e documentar seu progresso. Melhor ainda se essa ação puder ser vinculada a um evento. Por exemplo, durante a eleição presidencial dos EUA, muitas pessoas seguiram @BarackObama e se mantiveram em dia quanto aos seus discursos, etc.)


5. Tweet do tempo: Eleger uma pessoa famosa do passado e criar uma conta de Twitter para ela – eleger uma imagem que represente sua figura histórica - e num prazo de tempo estipulado escrever tweets assumindo o rol desse personagem, com um estilo e utilizando o vocabulário que pensamos que ele utilizaria (por exemplo, Cervantes, William Shakespeare, Julio César).


6. Micro-encontros: Manter conversas nas quais participem todos os estudantes inscritos no Twitter. Gerar debates ou refletir sobre as aulas.


7. Microcontos colaborativos: Escrita progressiva e colaborativa para criar microrrelatos em 140 caracteres. De acordo com os estudantes se juntar para contribuir a com um conto ou "história" em um período de tempo.


8. Traduzir frases: Enviar tweets em línguas estrangeiras e pedir aos estudantes que respondam na mesma língua ou que traduzam o Tweet para seu idioma nativo.


9. Tweming: Começar um tema (de acordo com uma etiqueta única precedida por #) para que todo o conteúdo criado seja capturado automaticamente por Twemes ou outro agregador.


10. Twitter amigo: Incentivar os alunos a encontrar um amigo de outro país e conversar regularmente com ele durante um período de tempo para conhecer sua cultura.




Traduzido e adaptado por Tânia Braga Guimarães, de Los diez mejores usos de Twitter en la educación. http://latercera.com/contenido/679_202327_9.shtml . Acesso: 20 de out de 2010.


@taniabraga

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Material sobre twitter


Olá professores, participantes do Curso de Redes sociais: integração e estrutura,

Pela própria dinâmica da apresentação, não há tempo para anotar a parte teórica mostrada no Powerpoint. Dessa forma, trago o link com direcionamento para o fazer o download (gratuito), do Manual intitulado: "Tudo o que você precisa saber sobre o twitter," para complementar a nossa discussão sobre o Twitter.

http://www.talk2.com.br/debate/talk-show-sobre-o-twitter/

Parte do que apresentei, foi adaptada desse Manual. E após a sua leitura, convido-os a criar sua conta no Twitter: www.twitter.com.

Para criá-la, escolha a poção SIGN UP. Depois de criada, para acessá-la novamente use SIGN IN.

Quanto à parte técnica não há segredo para criá-la, basta usar seu e-mail de preferência, escolher uma senha (a mais usada por você) e gerenciar sua conta de forma similar a como procedemos do Orkut e no Facebook.

Você vai colocar uma foto, escolher seu nome (nick) ou como quer ser conhecido, e depois disso basta começar a compartilhar o que considera interessante para você e, possivelmente, para os outros.

Veja o passo a passo nesse tutorial no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=hLwSbdrD8Bk

A leitura desse manual serve como orientação, mas devemos lembrar que aprendemos a usar o site, usando. É ao ler o que as pessoas dizem, escrevem e compartilham que esta ferramenta adquire sentido.

Santella e Lemos dizem:

"Pipocam todos os dias pela internet artigos breves - alguns deles pensados com a rapidez que o jornalismo exige -, pontilhados de interrogações sobre a natureza e o destino do Twitter. Será o Twitter 'um hype ou um barômetro emocional do planeta? (Matias, 2010); 'O Twitter é um sistema adaptativo complexo?' (Polytopia, 2009); 'O Twitter é uma poderosa ferramenta pessoal de pesquisa?' (Cann et al., 2009); 'O Twitter promove a subversão pop da infomação?'(Fernandes, 2009); 'O Twitter será o sistema operacional da era elétrica de Mc Luhan?' (Morgan, 2009); 'Será o Twitter o próximo Second Life?' (Wasserman, 2010); 'Twitter pode tornar você interessante?' (Kownacki, 2010)". (2010, p.9)

Como você pode perceber, são muitos os questionamentos e algumas tentativas de previsão.

Veja o que acha. Teste a potencialidade de leitura e escrita presentes no site.
Não esqueçam de me seguir @taniabraga. Façamos uma rede de professores trocando experiências.

Grande abraço

Tânia Braga Guimarães




terça-feira, 30 de novembro de 2010

Atividades

Olá a todos!
Dando continuidade às atividades previstas em nosso curso, vejamos as perguntas que teremos que responder até a próxima terça-feira, dia 07 de dezembro de 2010:

1 – Tendo em vista aquilo que foi discutido em nosso curso sobre redes sociais, bem como seu conhecimento de mundo, discorra sobre as especificidades das redes sociais on-line comparando-as com a dinâmica das relações humanas fora da Internet.

2 – A seu ver, que atividades o professor pode propor para aliar o uso das redes sociais por seus alunos ao incentivo à leitura do texto literário em sala de aula?

3 – A partir das experiências discutidas neste encontro, que atividades de escrita poderiam ser propostas nas redes sociais, como o Facebook, o Orkut ou o Twitter, por exemplo?

Os arquivos com as respostas devem ser enviados para o e-mail ciberensino@gmail.com.

Até breve e bom trabalho!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Redes Sociais

Olá a todos!

Nesta terça-feira, dia 30 de novembro de 2010, ocorre nosso curso "Redes Sociais: Interação e Estrutura". Para que possamos interagir por meio dos comentários, destaquemos alguns aspectos importantes. De início, lembremos que, quando temos pessoas ou grupos que partilhem de interesses ou objetivos comuns, criando uma ligação ou mesmo uma estrutura social, temos uma rede social. No caso das redes sociais on-line, essa ligação se dá por meio da internet, ocorrendo justamente no ciberespaço e obtendo deste contexto seus elementos definidores e sua natureza. Deste modo, o Facebook, o Orkut ou o Twitter, por exemplo, primam por uma organização na qual os elementos participantes atuam de modo igualitário, sem hierarquias, com as mesmas possibilidades discursivas de qualquer um que com eles se relacionem. Evidentemente, cada um dos casos merece uma abordagem particularizada: a natureza informativa do Twitter contrasta com a dinâmica de página pessoal do Facebook, apenas para ficarmos com uma faceta específica. Contudo, a dinâmica colaborativa, o convite para o exercício da interação e do diálogo, tudo isso se faz presente de modo facilmente perceptível.

Mas não podemos simplesmente adotar tais redes como perspectivas pessoais e profissionais apenas por serem demandas do momento. É muito importante que possamos olhá-las de modo crítico, o que significa abordá-las com cuidado e rigor, mas sem preconceitos reducionistas. Para tanto - e para guiar nossas discussões nos comentários - vejamos algumas passagens que podem nos ser muito úteis:


Sobre a grande presença das redes sociais


Encontramos nas redes sociais uma massa de comunidades virtuais de todos os tipos e sobre todos os assuntos. Basta uma visita ao Facebook, Orkut ou Twitter para ter uma real dimensão dessa variedade. Interessante notar que alguns partidos políticos, tais como o Partido Democrata americano, por exemplo, se transformam em comunidades virtuais durante uma campanha eleitoral, oferecendo acesso gratuito à Internet, endereço de correio eletrônico, fórum etc. Na campanha eleitoral de 2008 pela Casa Branca, candidatos utilizaram blogs e microblogs (especialmente Obama) para que o eleitor pudesse saber exatamente o que eles estavam fazendo e onde. Vemos então a expansão planetária, em outra roupagem, dos antigos newsgroups, grupos de discussão por temas, que começaram a se desenvolver de maneira autônoma nas redes informáticas interuniversitárias americanas e europeias nos anos 1990. Hoje é difícil encontrar um internauta que não participe desas agregações sociais on-line. No Brasil, é raro um internauta ativo não ter uma página no Orkut, por exemplo. (LEMOS & LÉVY, 2010, p. 107)


Sobre a dinâmica da comunicação organizacional nas redes sociais


[Podemos destacar] cinco modelos de comunicação organizacional:

a. como transferência de informação, baseada em uma noção linear da comunicação entre um emissor e um receptor;

b. como processo transacional, quando o receptor tem papel ativo na desconstrução e construção do significado da mensagem que recebe;

c. como estratégia de controle que usa a comunicação como meio para controlar o ambiente organizacional;

d. como equilíbrio entre criatividade e constrangimento/coação/sujeição, modelo este que busca sintonizar o condicionamento das ações individuais às leis, regras e normas com a necessidade de promover mudanças e, deste modo, não tolher a criatividade;

e. como espaço de diálogo que permite a cada indivíduo a oportunidade de falar e ser ouvido. (SANTAELLA, 2010, p. 275-6)


Sobre as especificidades das redes sociais e suas possibilidades de utilização no ensino


Cabe destacar que, apesar de as plataformas poderem ser utilizadas em conjunto, cada uma tem sua função no ambiente ou processo educacional. Vejamos:

podemos usar o Twitter para, por exemplo, divulgar links e/ou tecer breves comentários sobre a disciplina ou algum trabalho;

MSN, GTalk, Skype e outros mensageiros instantâneos, por sua vez, permitem uma conversa particular, mais próxima, servindo, ainda, como espaço para publicação até mesmo de reclamações sobre um trabalho ou disciplina, como se estivessem em sala real, ficando a expectativa de que alguém responda;

o e-mail serve ao envio de materiais de apoio ou trabalhos, é apenas um mecanismo de disparo;

Facebook, Orkut e mídias do gênero são usados para postar os momentos das atividades, sejam estas de recreação, como festas de turmas, ou acadêmicas, executadas em aula, ou para divulgar os resultados dos trabalhos, funcionando como portfólio, ou seja, é o momento de visualização, o mundo pode vê-los, o mesmo valendo para blogs, fotolog, videolog e até para o Linkedin, embora este tenha a particularidade de servir como mídia social de caráter profissional.


Diante dessa diversidade de ferramentas e das possibilidades de uso, estar “presente” em uma única mídia pode não levar ao resultado desejado. É interessante que os professores acompanhem as manifestações dos estudantes em duas ou mais mídias sociais. Isso porque, ao acessarem-nas, seja a partir de suas casas, de lan houses, seja de qualquer outro ambiente, é como se os estudantes estivessem em uma sala de aula: quando entram no MSN, debatem sobre o conteúdo; quando acessam o Twitter, buscam o conteúdo divulgado pelo professor ou por outras pessoas da área, trocam informações com colegas, divulgam resultados de suas pesquisas sobre determinado conteúdo, entre outras ações; quando enviam algo por e-mail, é a conclusão de seu trabalho; quando

postam no Orkut, Flickr, Slide Share, Issuu, Scribd, Facebook, blog ou afins, apresentam o trabalho a partir do conteúdo abordado; no Linkedin, apresentam seu perfil ou currículo formal. É o ciclo do processo de aprendizagem e de inserção no mercado que se constrói nas mídias sociais. (COSTA & TONUS, 2010, p. 81-2)


Saiba mais:

COSTA, M. & TONUS, M. Mídias Sociais e educação: foco na informação e na interação. In.: SOARES, A. et al. #Mídias Sociais: Perspectivas, tendências e reflexões. Disponível em http://www.issuu.com/papercliq/docs/ebookmidiassociais . Acessado em 29 de novembro de 2010.

JENKINS, H. A cultura da convergência. Tradução Susana Alexandria. São Paulo: Aleh, 2009.

LEMOS, A. & LEVY, P. O futuro da intenet: em direção a uma ciberdemocracia planetária. São Paulo: Paulus, 2010. (Comunicação)

SANTAELLA, L. A ecologia pluralista da comunicação: conectividade, mobilidade, ubiquidade. São Paulo: Paulus, 2010. (Comunicação)

SOARES, A. et al. #Mídias Sociais: Perspectivas, tendências e reflexões. Disponível em http://www.issuu.com/papercliq/docs/ebookmidiassociais . Acessado em 29 de novembro de 2010.


Leiam, pensem e comentem!

A defesa de Lobato contra o parecer do CNE

Há algumas postagens atrás publicamos um texto de Marisa Lajolo criticando o parecer do Conselho Nacional de Educação vetando Caçadas de Pedrinho nas escolas brasileiras. Publicamos agora uma bem humorada resposta à prática do "politicamente correto" feita (acreditem!) pelo autor, lá do além, após muito ter se revirado na tumba...


REINAÇÕES DE POLITICAMENTE CORRETINHO

Não sei se vocês leram que o Conselho Nacional de Educação (CNE) pediu que meu livro, Caçadas de Pedrinho, fosse retirado das escolas. Motivo? No entender do órgão, algumas frases da história são racistas, especialmente as relacionadas à personagem Tia Nastácia. Como medida conciliatória, alguns sugeriram a inclusão de uma nota explicativa sobre o contexto histórico em que o livro foi escrito, de tal forma a evitar que esse clássico da literatura infanto-juvenil deixe de circular entre os estudantes brasileiros.

Minha intenção aqui não é me defender nem tampouco alimentar o fogo dessa polêmica. Meu ponto é outro. Gostei da ideia de introduzir uma nota explicativa. Mas em vez de contextualizar o passado, talvez fosse melhor dedicá-la a contextualizar o presente. Pelo simples fato de que as crianças de hoje perderam bastante da ingenuidade e estão afastadas do convívio com a natureza.

Aquela expressão “tirem as crianças da sala” não faz mais sentido. Elas assistem a tudo na internet. Um adolescente de hoje já viu mais sexo na web do que toda a juventude sueca da década de 70 viu nas famosas revistinhas que circulavam por lá. Qualquer letra de rap ou funk é mais do que suficiente para eliminar as reservas de inocência e pureza naturais da tenra idade. Em compensação, as novas gerações só identificam uma galinha em dois formatos: jpg e bandejinha de supermercado.

Ao reler minha obra sob esse prisma, fiquei preocupado. As histórias seguem boas, mas a narrativa, os nomes dos personagens e dos lugares podem servir de munição pesada para interpretações maliciosas e piadas de duplo sentido. Entendam, quando escrevi minha coleção de livros infanto-juvenis as crianças da idade do Justin Bieber não cantavam sobre amores impossíveis e não assistiam a filmes como Tropa de Elite desacompanhadas dos pais.

Por tudo isso, decidi acatar a sugestão de alguns. Redigi a tal nota de esclarecimento que deve ser incluída nos meus livros infanto-juvenis (se é que isso ainda existe).

Nota de esclarecimento (Nota de esclarecimento sobre o termo esclarecimento. O mesmo foi aqui empregado não no sentido de tornar mais branco, mas sim no de se fazer mais explicado, com mais luz).

A personagem Dona Benta sempre esteve na história original. Ela não foi incluída posteriormente como merchandising de uma conhecida farinha de trigo.

O carinhoso apelido de Narizinho não sugere que tal personagem tem por hábito o consumo de drogas ilícitas pela via nasal. Quem o tem é a Emília, que ganhou vida ao aspirar o tal pó de pirlimpimpim.

Não há nenhuma evidência de que o Visconde de Sabugosa, apesar de falar com grande sabedoria, seja transgênico.

Marquês de Rabicó. Eu sei, é um nome complicado. Pode zoar à vontade.

Não é o que está queimando no cachimbo que faz o Saci pular sem parar. É a falta de uma perna mesmo.

Por fim, Sítio do Picapau Amarelo não é uma menção à propriedade rural de um órgão genital masculino de um oriental. Eu jamais cometeria um pleonasmo como Pica-Pau.

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Postado (do além) por: Monteiro Lobato
Fonte:
http://www.blogsdoalem.com.br/lobato/

Literatura e redes sociais: "Todos contra D@nte"!

A produção literária, em vista da íntima conexão entre autores e movimentos sociais e culturais, apropria-se de forma inovadora de estruturas e modalidades comunicativas, estabelecendo pontes entre a invenção artística e os leitores. É o que pretendemos observar com a proposta de leitura de Todos contra D@nte, de Luís Dill (Cia. das Letras, 2008), considerando especialmente como os modos de narrar apropriam-se de ferramentas de comunicação do ciberespaço, comunidades, blogs, entre outros.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entrevista com Eucanaã Ferraz

Eucanaã Ferraz também escreve literatura infantil. Vejam o artigo "Bicho de sete cabeças e outros seres fantásticos, de Eucanaã Ferraz: poesia pra não ter medo do desconhecido" de Ana Paula Klauck publicado na Revista Tigre Albino. Abaixo, o último parágrafo de seu artigo:


"A obra de Eucanaã Ferraz e André da Loba é bela e interessante, não porque lida com os medos dos pequenos e seus temores do desconhecido, mas porque os próprios autores não temem falar sobre aquilo que poucos conhecem, ou inserir elementos esquisitos e culturalmente distantes na arte da escrita e na representação gráfica. Pelo contrário, a riqueza mitológica apresentada valoriza a curiosidade infantil e confia no conhecimento dos pequenos para dar sentidos aos poemas do seu jeito. Dar crédito à criança é um dos méritos da obra; o livro apresenta um mundo que, por seus nomes e referências diferentes, pode parecer desconhecido, mas que em seu íntimo, os pequenos conhecem bem. Ligando culturas diferentes e trazendo elementos novos, Ferraz brinca com o medo e a curiosidade recorrentes na infância e, com humor e uma linguagem simples e lírica, faz uma obra de valor, mas, mais do que isso, uma obra que valoriza seu leitor." (Ana Paula Klauck)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Certificados da 2a JIOP - retirar no DLE

O Projeto Outras Palavras informa que os certificados da 2a JIOP estão prontos e devem ser retirados na secretaria do Departamento de Letras (DLE) com Daiana (pela manhã e tarde) ou com Edilson (pela tarde e noite). O mesmo vale para quem ainda não retirou sua Revista JIOP (n. 1). Informamos também que os textos (contos e poemas) expostos no Varal Literário durante o IV Sarau Outras Palavras foram publicados na Revista Outras Palavras
durante os meses de outubro e novembro. Confiram!

Marciano Lopes
Coordenador do Projeto Outras Palavras

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Novo Curso de Extensão: Redes Sociais: Interação e Estrutura

Olá a todos!

Após o sucesso de nosso primeiro Curso de Extensão ("Leitura e escrita em blogs), teremos, no dia 30 de novembro de 2010, na Universidade Estadual de Maringá, o novo curso de extensão “Redes sociais: interação e estrutura”, que visa atingir professores das redes municipal e estadual de ensino, alunos de graduação e pós-graduação, além de demais interessados. O curso prevê um investimento de R$20,00 (valor único) e oferecerá discussões sobre os seguintes tópicos:


- Introdução às redes sociais: aspectos teóricos

- Rede social orkut: interação e estrutura

- Rede social facebook: interação e estrutura

- Rede social twitter: o que é e quais são as possibilidades do micro-blog?

- Redes sociais e ensino


Além disso, o curso prevê uma carga horária a ser cumprida em atividades extraclasse na internet visando práticas de leitura e discussão de redes sociais.


Ministrantes: Tânia Braga Guimarães, Marciano Lopes e Silva, Márcio Roberto do Prado, Rosa Maria Graciotto Silva, Marinês Zanini e Alice Áurea Penteado Martha.


Data

30/11/2010

Local

Auditório do CCE (Bloco F-67)

Horários

Período matutino: início às 07:45

Período vespertino: início às 13:30

Número de vagas

140 vagas

Inscrições

R$ 20,00 (valor único)



Como de hábito, acompanhem as próximas postagens sobre cada um dos temas e preparem-se para uma rica discussão que será enriquecedora para todos nós!



INSCRIÇÕES (até o dia 24/11/2010): apenas R$ 20,00 Como fazer?

a) Anote o número do Código de Recolhimento: 2625

b) Entre na página da PAD-UEM e digite o número anotado no campo "Guia de Recolhimento". Preencha-o com as informações solicitadas (Nome, CPF e valor da inscrição) e o boleto bancário será gerado.

c) Faça o pagamento no banco (Caixa Econômica Federal) em até dois dias e você estará inscrito. Se o pagamento não for feito em tempo hábil, será necessário gerar novo boleto. Para isso repita o procedimento aqui explicado.

Para entrar na página da PAD-UEM, clique aqui.

ATENÇÃO:

Guarde o recibo de pagamento para apresentá-lo no dia do evento.


Maiores informações: Secretaria de Letras a Distância, com Gabriel ou Sarah, no telefone (44) 3011-4914

sábado, 6 de novembro de 2010

PERIGO! Conselho Nacional de Educação CENSURA Lobato!


Quem paga a música escolhe a dança?

Marisa Lajolo*


“Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, está em pauta e é bom que esteja, pois é um livro maravilhoso.

Narra as aventuras da turma do sítio de Dona Benta primeiro às voltas com a bicharada da floresta próxima e, depois, com uma comissão do governo encarregada de caçar um rinoceronte fugido de um circo. Nos dois episódios prevalecem o respeito ao leitor, a visão crítica da realidade, o humor fino e inteligente.

Na primeira narrativa, a da caçada da onça, as armas das crianças são improvisadas e na hora agá não funcionam. É apenas graças à esperteza e inventividade dos meninos que eles conseguem matar a onça e arrastá-la até a casa do sítio. A morte da onça provoca revolta nos bichos da floresta e eles planejam vingança numa assembleia muito divertida: felinos ferozes invadem o sítio e – de novo – é apenas graças à inventividade e esperteza das crianças (particularmente de Emília) que as pessoas escapam de virar comida de onça.

Na segunda narrativa, a fuga de um rinoceronte de um circo e seu refúgio no sítio de dona Benta leva para lá a Comissão que o governo encarregou de lidar com a questão. Os moradores do sítio desmascaram a corrupção e o corpo mole da comissão, aliam-se ao animal cioso da liberdade conquistada e espantam seus proprietários. E, batizado Quindim, o rinoceronte fica para sempre incorporado às aventuras dos picapauzinhos.

Estas histórias constituem o enredo do livro que parecer recente do Conselho Nacional de Educação (CNE), a partir de denúncia recebida, quer proibir de integrar acervos com os quais programas governamentais compram livros para bibliotecas escolares . O CNE acredita que o livro veicula conteúdo racista e preconceituoso e que os professores não têm competência para lidar com tais questões. Os argumentos que fundamentam as acusações de racismo e preconceito são expressões pelas quais Tia Nastácia é referida no livro, bem como a menção à África como lugar de origem de animais ferozes.

Sabe-se hoje que diferentes leitores interpretam um mesmo texto de maneiras diferentes. Uns podem morrer de medo de uma cena que outros acham engraçada. Alguns podem sentir-se profundamente tocados por passagens que deixam outros impassíveis. Para ficar num exemplo brasileiro já clássico, uns acham que Capitu (D. Casmurro, Machado de Assis) traiu mesmo o marido, e outros acham que não traiu, que o adultério foi fruto da mente de Bentinho. Outros ainda acham que Bentinho é que namorou Escobar ... !

É um grande avanço nos estudos literários esta noção mais aberta do que se passa na cabeça do leitor quando seus olhos estão num livro. Ela se fundamenta no pressuposto segundo o qual, dependendo da vida que teve e que tem, daquilo em que acredita ou desacredita, da situação na qual lê o que lê, cada um entende uma história de um jeito. Mas essa liberdade do leitor vive sofrendo atropelamentos. De vez em quando, educadores de todas as instâncias – da sala de aula ao Ministério de Educação – manifestam desconfiança da capacidade de os leitores se posicionarem de forma correta face ao que lêem.

Infelizmente, estamos vivendo um desses momentos.

Como os antigos diziam que quem paga a música escolhe a dança, talvez se acredite hoje ser correto que quem paga o livro escolha a leitura que dele se vai fazer. A situação atual tem sua (triste) caricatura no lobo de Chapeuzinho Vermelho que não é mais abatido pelos caçadores, e pela dona Chica-ca que não mais atira um pau no gato-to. Muda-se o final da história e re-escreve-se a letra da música porque se acredita que leitores e ouvintes sairão dos livros e das canções abatendo lobos e caindo de pau em bichanos. Trata-se de uma ideia pobre, precária e incorreta que além de considerar as crianças como tontas, desconsidera a função simbólica da cultura. Para ficar em um exemplo clássico, a psicanálise e os estudos literários ensinam que a madrasta malvada de contos de fada não desenvolve hostilidade contra a nova mulher do papai, mas – ao contrário – pode ajudar a criança a não se sentir muito culpada nos momentos em que odeia a mamãe, verdadeira ou adotiva...

Não deixa de ser curioso notar que esta pasteurização pretendida para os livros infantis e juvenis coincide com o lamento geral – de novo, da sala de aula ao Ministério da Educação – pela precariedade da leitura praticada na sociedade brasileira. Mas, como quem tem caneta de assinar cheques e de encaminhar leis tem o poder de veto, ao invés de refletir e discutir, a autoridade veta. E veta porque, no melhor dos casos e muitas vezes com a melhor das intenções, estende suas reações a certos livros a um numeroso e anônimo universo de leitores.

No caso deste veto a “Caçadas de Pedrinho”, a Conselheira Relatora Nilma Lino Gomes acolhe denúncia de Antonio Gomes da Costa Neto que entende como manifestação de preconceito e intolerância "de maneira mais específica a personagem feminina e negra Tia Anastácia e as referências aos personagens animais tais como urubu, macaco e feras africanas; (...) aponta menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos do livro analisado e exige da editora responsável pela publicação a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos na literatura".

Independentemente do imenso equívoco em que, de meu ponto de vista, incorrem o denunciante e o CNE que aprova por unanimidade o parecer da relatora, o episódio torna-se assustador pelo que endossa, anuncia e recomenda de patrulhamento da leitura na escola brasileira. A nota exigida transforma livros em produtos de botica, que devem circular acompanhados de bula com instruções de uso.

O que a nota exigida deve explicar? o que significa esclarecer ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos na literatura? A quem deve a editora encomendar a nota explicativa? Qual seria o conteúdo da nota solicitada? A nota deve fazer uma autocrítica (autoral, editorial?) assumindo que o livro contém estereótipos? A nota deve informar ao leitor que “Caçadas de Pedrinho” é um livro racista? Quem decidirá se a nota explicativa cumpre efetivamente o esclarecimento exigido pelo MEC?

As questões poderiam se multiplicar. Mas não vale a pena. O panorama que a multiplicação das questões delineia é por demais sinistro. Como fecho destas melancólicas linhas maltraçadas aponte-se que qualquer nota no sentido solicitado – independente da denominação que venha a receber, do estilo em que seja redigida, e da autoria que assumir – será um desastre. Dará sinal verde para uma literatura autoritariamente auto-amordaçada. E este “modelito” da mordaça de agora talvez seja mais pernicioso do que a ostensiva queima de livros em praça pública, número medonho mas que de vez em quando entra em cartaz na história desta nossa Pátria amada idolatrada salve salve. E salve-se quem puder ... pois desta vez a censura não quer determinar apenas o que se pode ou não se pode ler, mas é mais sutil, determinando como se deve ler o que se lê!

_____________________________
* Prof. Titular (aposentada) da UNICAMP; Prof. da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Pequisadora Senior do CNPq.; Organizadora ( com João Luís Ceccantini) do livro Monteiro Lobato livro a livro (obra infantil), obra que recebeu o Prêmio Jabuti 2010 como melhor livro de Não Ficção.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Conheça a Audioteca Sal e Luz

Caros amigos,

Venho por meio deste e-mail divulgar o trabalho maravilhoso que
é realizado na Audioteca Sal e Luz e corre o risco de acabar.

A Audioteca Sal e Luz é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos,
que produz e empresta livros falados (audiolivros). São áudios de 2.700 livros que podem ser enviados a deficientes visuais.

Mas o que seria isto?

São livros que alcançam cegos e deficientes visuais, (inclusive os
com dificuldade de visão pela idade avançada) de forma totalmente
gratuita.

Seu acervo conta com mais de 2.700 títulos que vão desde
literatura em geral, passando por textos religiosos até textos e provas
corrigidas voltadas para concursos públicos em geral. São emprestados
sob a forma de fita K7, CD ou MP3.

E agora, você está se perguntando: O que eu tenho a ver com isso?

É simples. Nos ajude divulgando. Se você conhece algum cego ou
deficiente visual, fale do nosso trabalho. DIVULGUE!

Para ter acesso ao nosso acervo, basta se associar na nossa sede,
que fica situada à Rua Primeiro de Março, 125- Centro. RJ.
Não precisa ser morador do Rio de Janeiro.

A outra opção, foi uma alternativa que se criou face à dificuldade
de locomoção dos deficientes na nossa cidade. Eles podem
solicitar o livro pelo telefone, escolhendo o título pelo site, e
enviaremos gratuitamente pelos Correios.

A nossa maior preocupação reside no fato que, apesar do governo
estar ajudando imensamente, é preciso apresentar resultados. Precisamos
atingir um número significativo de associados, que realmente contemplem
o trabalho, se não ele irá se extinguir e os deficientes não poderão
desfrutar da magia da leitura. Só quem tem o prazer na leitura, sabe
dizer que é impossível imaginar o mundo sem os livros...

Ajudem-nos, Divulguem!
Atenciosamente,

Christiane Blume - Audioteca Sal e Luz
Rua Primeiro de Março, 125- 7. Andar
Centro- RJ. CEP 20010-000
Fone: (21) 2233-8007 begin_of_the_skype_highlighting (21) 2233-8007
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Horário de atendimento: 08 às 16 horas
www.audioteca.org.br/noticias.htm
Procure o site
www.audioteca.org.br/catalogo.htm
e veja os nomes dos livros falados disponiveis.

Clube de Leitura: voltando às atividades com José Saramago

Após alguns meses sem discussão, retorna às atividades o Clube de Leitura Pessoa de Saramago Assis, que foi fundado pelos estudantes de Letras (da esquerda p/ a direita) Fábio Fernandes, Marco Hruschka e Luigi Ricciardi (os dois últimos já formados).
O clube de leitura é uma ferramenta que ajuda na discussão cultural e social e contribui para a cidadania na medida em que desenvolve o espírito crítico.

A volta será no dia 20 de Novembro de 2010 às 16:30 na praça da Catedral. Agora os encontros serão aos sábados!

O livro a ser discutido será Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago.

Visitem a comunidade: CLUBE PESSOA DE SARAMAGO ASSIS

Visitem o blog: http://www.pessoadesaramagoassis.blogspot.com/
DIVULGUEM!!!!!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Esclarecimentos e Atividades

Olá a todos!

É com muita alegria que constatamos como foram proveitosos nossos encontros. Isso apenas reforça nossa certeza de que as próximas oficinas serão igualmente enriquecedoras. Parabéns para todos nós!

Gostaríamos de lembrar que nosso curso continua aqui, em nosso blog, com a discussão por meio dos comentários em cada uma das postagens relacionadas com o curso. As postagens são:

- Ambientes Virtuais de Aprendizagem
- Cibercultura
- Cibercultura e Formação de Professores
- O que é um blog
- O blog como ferramenta de ensino – problemas e proposições
- O blog como ferramenta de ensino – duas experiências na UEM
- O blog como espaço de mediação de leitura

Lembrem-se: nossas discussões com esse fim específico seguirão até a próxima segunda-feira, dia 11 de outubro. Esperamos vocês por aqui!

O blog como espaço de mediação de leitura

Ferramentas do ciberespaço despertam profundo interesse entre os jovens e muita insegurança entre o público mais maduro, notadamente entre professores, que reconhecem a importância delas, mas não as dominam suficientemente para levá-las para a sala de aula. Por essa razão, o tema deste módulo do Curso trata do conceito de mediação e de função do blog como suporte mediador de atividades de leitura e escrita em ambiente escolar. O conteúdo é relevante para o estabelecimento de proposta metodológica e deve oferecer subsídios para planejamento e implementação de blogs como ambiente de mediação entre leitores e textos gêneros diversos, a partir da criação de Oficinas de Leitura e Escrita em Blogs.

Tópicos para a leitura:

1- A Dimensão socioespacal do ciberespaço: uma nota

Carlos Alberto F. da Silva; Michele Tancman


Para que se possa ter acesso à via expressa de informação, é necessário que sejam estabelecidas as “condições ambientais” do ciberespaço. O ambiente construído é a expressão material que permite conexão com um novo sistema de relações sociais. Tais condições só são possíveis a partir de um arranjo espacial que inclui o computador, monitor, teclado, mouse, linha telefônica, provedor de acesso, redes telemáticas e outros meios eletrônicos capazes de nos conectar com o ciberespaço. Estas formas estáticas, aos quais estamos fisicamente ligados, nos transportam, através da virtualidade, para um mundo onde prevalecem as nossas sensações. A experiência de tempo e espaço não existe “nas coisas visíveis do ciberespaço”, mas sim aparecem somente na zona do subjetivo. Desse modo, o ciberespaço é uma veleidade, no sentido de abrir alguma possibilidade de enfoque idealista da materialidade social da sociedade moderna.

Para que possamos prosseguir se faz necessário esclarecer o que entendemos por “realidade virtual”. Trata-se, claramente de uma revolução. Uma alteração radical na forma de conceber o tempo e o espaço, e mesmo os relacionamentos. Segundo Pierre Levy (1996, p.16),” o virtual não se opõe ao real e sua efetivação material, mas sim ao atual”. Filosoficamente, o virtual é entendido como o que existe em potência e não em ato. O virtual é extensão do real, ou seja, é um real latente. As imagens virtuais fazem mediação da realidade. O tempo instantâneo e espaço virtual são os novos vetores que se inserem e se articulam ao ambiente construído pela sociedade em rede telemática.

Leia mais:



2- Blogs na Educação: Blogando algumas possibilidades pedagógicas
Adriana Ferreira Boeira


[...] cabe ao professor apropriar-se das novas tecnologias de informação e comunicação (NTics) refletindo sobre suas possibilidades, propondo atividades e estratégias diferenciadas ao utilizar os blogs. Os blogs estão sendo explorados por alunos e professores e a cada dia surgem formas diferentes de utilizá-lo: podem ser utilizados como um recurso pedagógico ou como uma estratégia pedagógica.

Gomes e Lopes (2007, p. 121) apresentam uma representação esquemática da exploração dos blogs como recurso ou como estratégia pedagógica.

[ gráfico]

O que diferencia o blog utilizado como um recurso pedagógico do blog utilizado como uma estratégia pedagógica são as atividades e estratégias propostas no ambiente e o papel assumido pelo professor e pelos alunos.

Ressalta-se que as estratégias e atividades propostas pelos professores, independente do ambiente (sala de aula, laboratório de informática ou ambiente virtual de aprendizagem) e ou recursos que utiliza (giz, livro, computador...) vão depender da Epistemologia, da sua concepção de aprendizagem, conhecimento e aluno, que apóia sua prática.

A utilização de blogs como recurso ocorre quando é utilizado como um depósito de informações, onde os alunos assumem um papel receptivo e o professor ativo, disponibilizando links, materiais de aula e conteúdos selecionados que devem ser consultados pelos alunos na sua disciplina. Nesta perspectiva o professor assume posição mais diretiva, onde impõe os conteúdos e fontes de pesquisa e o aluno assume um papel de mero receptor de informações.
Do mesmo modo, existem blogs utilizados na educação que vão além da exposição de conteúdos e indicação de links e conteúdos. São os blogs que abrem espaço para os comentários e exposições de idéias dos alunos. Desta forma, os alunos podem refletir sobre os conteúdos estudados e links acessados e a partir daí, comentar no blog sua reflexão, opinião, entendimento, dúvidas e sugestões sobre o assunto tratado tendo como finalidade possibilitar uma troca de opiniões sobre determinado assunto.



3- Blogues escolares: quando, como e porquê?
Maria João Gomes; António Marcelino Lopes


No que se refere à utilização dos blogues como recurso pedagógico, podemos destacar essencialmente dois tipos de abordagem. Uma das abordagens consiste na utilização de blogues “alheios “à escola, muitas vezes até alheios ao contexto escolar em geral, mas que o professor considera como fonte de informação e, eventualmente de contactos, relevante no contexto das disciplinas/áreas disciplinares que lecciona. Frequentemente, são blogues desenvolvidos a título pessoal, por profissionais credíveis, que podem proporcionar uma boa fonte de informação actualizada e rigorosa. Estes blogues podem ser indicados aos alunos, ou linkados a partir, por exemplo da página institucional da escola ou de um blogue do professor e/ou da turma.

Um dos problemas da utilização de blogues não institucionais como recurso pedagógico, fonte de informação e/ou de contactos relevantes, para os alunos, é o facto de exigirem uma prévia e cuidadosa análise do seu rigor e credibilidade por parte do professor. Esta tarefa nem sempre é fácil, dado ser muito frequente uma quase ausência de informação sobre o perfil dos autores de blogues, que possam assegurar a qualidade e rigor da informação que disponibilizam.

Uma outra exploração dos blogues enquanto recurso pedagógico, consiste na criação e dinamização pelo próprio professor ou grupo de professores de um blogue centrado na abordagem de conteúdos relacionados com a área que lecciona. Frequentemente, este tipo de blogues, procura disponibilizar informação que acompanha a sequência de assuntos tratados nas aulas e/ou identifique e referencie notícias e acontecimentos recentes que apresenta relações com temáticas curriculares .

A utilização dos blogues apenas como um ”recurso pedagógico” centra-se essencialmente na possibilidade de proporcionar aos alunos formas adicionais de acesso à informação que se pressupõe actualizada e relevante. Neste tipo de exploração o aluno assume uma posição relativamente passiva, limitando-se frequentemente à leitura dos posts, eventualmente colocando algum comentário às mensagens/posts já existentes.

Uma outra abordagem, em termos de exploração pedagógica, dos blogues, está centrada não tanto na criação de condições de acesso a informação actual disponibilizada pelo professor ou por sujeitos e/ou entidades que o professor reconhece como credível, mas sim em torno das actividades que o aluno precisa de desenvolver no âmbito da actividade de bloguer. Neste contexto, o aluno desempenha frequentemente um papel de autor ou co-autor dos blogues, existindo todo um leque diversificado de actividades a desenvolver, antecedendo a publicação de mensagens (postagem), às quais estão associadas objectivos de aprendizagem e desenvolvimento de competências. A exploração dos blogues dentro desta perspectiva, transforma-os, mais do que num recurso pedagógico, numa estratégia de ensino-aprendizagem, que visa conduzir os alunos a actividades de pesquisa, selecção, análise, síntese e publicação de informação, com todas as potencialidades educacionais implicadas. Na figura 4 procura representar-se de forma esquemática os principais tipos de explorações pedagógicas dos blogues, quer perspectivando-os essencialmente como “recurso” a disponibilizar aos alunos, quer como “estratégia pedagógica”, funcionando como suporte e interface tecnológico para diversas actividades de aprendizagem.


4- “Problemas associadas à utilização dos weblogs no ensino”. In: Os weblogs e a sua apropriação por parte dos jovens universitários. O caso do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve.
Neuza Baltazar; Joana Germano


Quando pensamos em todas a potencialidades que os weblogs têm quando aplicados ao ensino, parece-nos óbvio que esta ferramenta tem todas as características para melhorar o ensino a vários níveis. Se pensarmos no grande interesse e curiosidade que a maioria dos jovens sente face às novas tecnologias e aos novos media, parece-nos óbvio que o seu interesse pelos weblogs os fará envolverem-se num blog criado por um professor como espaço de continuidade de uma disciplina. No entanto, não é assim tão simples e o envolvimento dos alunos nem sempre corresponde ao que o professor desejaria.
É um facto que os mais jovens se sentem muito atraídos e motivados pela Internet, pelos videojogos e pela maioria dos recursos tecnológicos que nos rodeiam, todavia nem sempre é fácil motivá-los para utilizar os recursos tecnológicos como complemento das aulas.
De acordo com um estudo realizado por Silva (2005), a grande maioria dos utilizadores de blogs em Portugal encontra-se entre os 18 e os 40 anos de idade, sendo que a distribuição de bloggers tanto na faixa etária de 18 a 24 e de 25 a 29 é de 18,2%. No entanto é preciso ter em consideração que este estudo realizado por Silva apenas abrangeu pessoas entre os 18 e os 64 anos de idade, pelo que não temos dados sobre o interesse que os jovens com menos de 18 anos sentem pelos weblogs.

[...].

Todavia, parece que os mais jovens fazem uma clara distinção entre divertimento e tempos livres e a escola, que é sempre associada a obrigatoriedade. Desta forma, nem sempre é fácil convencer os alunos a escrever e a participar num blog desenvolvido no âmbito de uma disciplina. Acreditamos que tal se deve a variados factores, como por exemplo, a ideia de que a escola é uma obrigatoriedade e que essa mesma deve terminar quando se sai pela porta da sala de aula; a ideia de que o blog da disciplina pertence ao professor e não a todos e cada um dos elementos da turma; escrever num blog que vai ser lido pelo professor e pelos colegas significa algum tipo de avaliação, pelo que é necessário saber sobre o que escrever e ter cuidado com a forma como se escreve; para escrever com alguma qualidade é preciso conhecer determinado assunto, pesquisar, reflectir e redigir e, para além de tudo isto, é preciso dispor de algum tempo para participar.

O blog como ferramenta de ensino – duas experiências na UEM




Marciano Lopes



No segundo semestre de 2009 realizei juntamente com os alunos de três turmas do curso de Letras da Universidade Estadual de Maringá uma proposta de produção de blogs aliados à prática de seminários. Conforme expus em uma postagem do ano passado, quando iniciava as experiências cujo resultado agora apresento, nas disciplinas de Literatura Brasileira: Poesia, do 2º ano de Letras noturno (habilitações duplas), dividi as turmas em grupos de cinco membros, cabendo a cada um manter um blog cujo tema era o ponto sorteado para o seminário da última avaliação. Além dos blogs dos grupos, criei um gerenciado apenas por mim: Poetas do Brasil (http://poetasdobrasil.arteblog.com.br/). Este blog, que chamei de “blog-mãe”, teve por objetivos:

a) tratar dos poetas da fase colonial até o modernismo (período que deveria ser estudado em classe), ficando o período posterior para eles tratarem nos blogs e nos seminários;
b) servir de portal para acesso aos demais blogs criados pelos alunos, assim funcionando como um portal de entrada para eles – ou também como um “blog-mãe” (em alusão à expressão “nave-mãe”), pois serve como agregador dos demais blogs que a ele se conectam formando uma teia.

Com a terceira turma, da disciplina de Tópicos de Literatura Brasileira, que teve por conteúdo o estudo do conto brasileiro pós 1970, resolvemos fazer um único blog, que foi alimentado por mim e pelos grupos, que também receberam um ponto temático cada um. Trata-se do blog Contos e encontros: http://contosdobrasil.arteblog.com.br/ (imagem do cabeçalho acima, na abertura desta matéria).

No caso da primeira disciplina, Literatura Brasileira: Poesia, o blog Poetas do Brasil serviu para minimizar as inevitáveis e largas lacunas no desenvolvimento do programa devido ao reduzidíssimo tempo de um semestre para estudar toda a poesia brasileira desde o período colonial até a contemporaneidade. As vantagens com relação à avaliação tradicional dividida em prova escrita, artigo e seminário, foram várias, mas antes de tratá-las julgo pertinente começar apontando alguns critérios de avaliação estabelecidos para avaliar a produção dos alunos em seus blogs e que foram fundamentais para garantir a qualidade da produção, a pesquisa contínua sobre o tema (evitando aqueles trabalhos feitos na última hora) e a interatividade (de modo que cada grupo não fique com suas leituras restritas ao seu tema, como acontece nos seminários em geral):

a) frequência mínima de postagem: uma por semana;

b) variedade nos tipos e gêneros textuais assim como nas mídias utilizadas em cada postagem, as quais têm diferentes pesos na avaliação conforme a quantidade de informação agregada à(s) original(is),

c) interatividade entre os grupos: cada grupo deveria visitar os dos outros grupos, o que poderia ser verificado pelo uso da ferramenta "Comentários" ou pela presença marcada em "Visitantes mais recentes". No caso do trabalho coletivo em um único blog, os participantes deveriam interagir através da ferramenta "Comentários" internamente, visitando as postagens dos colegas dos outros grupos.

d) obrigatoriedade no estabelecimento de uma rede de contatos e navegação através das ferramentas “Meus Amigos” e “Links Favoritos” – de tal modo que o visitante possa facilmente circular por todos os blogs produzidos (no caso da disciplina Literatura Brasileira: Poesia, em que cada grupo criou e manteve um blog próprio) e sites afins,

e) obrigatoriedade do uso da ferramenta “Comentários” sem moderação.


DIFICULDADES ENFRENTADAS

O uso dos blogs nas duas disciplinas voltou-se para uma estratégia de ensino alicerçada nas ideias de interatividade, pesquisa e produção críticas, no entanto, implantar esta atitude em um meio e cultura nos quais a reprodução/cópia é a regra, não é tarefa fácil. Apesar do recurso da Internet favorecer a reprodução acrítica de textos alheios, acredito que a exigência de criação de textos próprios, ou seja, com linguagem própria (mesmo que parafraseando as fontes), e a obrigatoriedade de informar o devido crédito e implantar o hiperlink, no caso de fontes existentes no ciberespaço, tenha conduzido os alunos a assumirem uma atitude de maior responsabilidade e respeito, mesmo porque o não cumprimento de tais exigências os coloca numa situação desconfortável e perigosa, visto que qualquer internauta – especialmente os autores dos textos fontes – poderão constatar a atitude anti-ética do plágio no caso deste ocorrer.

Outro problema enfrentado diz respeito à dificuldade de inclusão digital do aluno. Foram muitos que encontraram dificuldade no desenvolvimento da proposta por não terem computador em casa ou por não tê-lo conectado à Internet. A saída encontrada foi a de reunirem-se os membros de cada grupo periodicamente na casa de quem tivesse computador conectado à internet (especialmente na daqueles em que a conexão é ADSL) e de distribuir as atividade de edição levando isso em consideração, de modo que àqueles que não tinham o acesso caseiro à internet fizessem atividade tais como pesquisa em fontes bibliográticas, escritura e revisão dos textos.
Na condição de professor, o maior problema enfrentado foi a falta de tempo e condições físicas para acompanhar a produção de todos os blogs – um de Tópicos de Literatura Brasileira e doze de Literatura Brasileira: Poesia) e ainda produzir em dois blogs. Até metade do período da experiência conseguia acompanhar revisando as postagens e deixando comentários com indicações de problemas de redação ou diagramação a serem corrigidos, críticas, dicas e sugestões, porém isso foi se tornando cada vez mais difícil na medida em que os alunos iam pegando prática e gosto na execução do trabalho, passando a produzirem em maior escala. Para resolver este problema de controle da qualidade final das postagens, solicitei no término do semestre que cada grupo imprimisse suas postagens para que eu as lesse e corrigi-se. Feito isso, eram devolvidas para que fizessem as correções nas postagens e depois reimprimissem novamente para entrega do trabalho final contendo: uma introdução apresentando a proposta pedagógica e do blog em questão e uma conclusão apresentando os aspectos positivos e negativos da experiência.


ASPECTOS POSITIVOS

Salvo os problemas acima apontados, foram vários os aspectos positivos da estratégia, destacando-se:

a) A melhor qualidade dos seminários ao final da disciplina, uma vez que os alunos eram obrigados a estar continuamente em contato com os conteúdos dos mesmos, pesquisando-os e reelaborando-os para a realização das postagens semanais. Com tal estratégia evitou-se em grande medida a prática comum dos alunos prepararem o seminário “na última hora”, o que regra geral resulta em um desastre devido à falta de reflexão e debate entre os pares do grupo sobre o material pesquisado.

b) A prática de produção de outros gêneros textuais além daqueles tipicamente acadêmicos (tais como resenhas, artigos e monografias) e o desenvolvimento da consciência de que ao se escrever deve-se ter em mente o público-alvo e o suporte da publicação, de modo a adequar não somente a linguagem como também o gênero textual aos mesmos. Em outras palavras, por se tratar da produção de blogs que funcionam como revistas on-line, os alunos deixaram de escrever para o professor (como é a prática recorrente) e foram levados a refletir sobre a necessidade de utilizar outras linguagens além da acadêmica e de adequá-las – assim como a estruturação e diagramação textual – ao público leitor e ao espaço da tela, que é diferente do espaço de uma revista impressa ou mais ainda de um livro. Aos poucos, eles foram percebendo a necessidade de formularem textos com uma linguagem mais coloquial (sem abrir mão da correção gramatical), com menor extensão, com imagens e/ou outros recursos midiáticos (tais como arquivos de som ou vídeo) de forma a torná-los mais atraentes/sedutores e de compreensão facilitada a um público leigo no assunto.

c) A melhor circulação dos conteúdos dos seminários de cada grupo entre todos os alunos das turmas, posto que houvesse como um dos critérios de avaliação a obrigatoriedade de cada grupo visitar os blogs dos colegas e deixar comentários com sugestões, críticas, ou mesmo perguntas e divergências. Essa estratégia, além da possível curiosidade dos alunos em conhecer e acompanhar os blogs dos demais colegas, minimiza a prática recorrente dos grupos ficarem restritos ao estudo e à recepção dos conteúdos do seu seminário. Como todo professor sabe, é comum que os alunos não prestem muita atenção à apresentação dos seminários dos demais, uma vez preocupados na apresentação do seu, que é feita para o professor, e não para os colegas. E como a apresentação do seminário é apenas um momento no desenrolar do curso, a aquisição dos conteúdos tratados neles fica por demais prejudicada. Entretanto, com a prática de visitas aos blogs dos outros grupos, a transmissão e troca dos conteúdos desenvolvidos entre os pares não fica restrita ao momento do seminário.

d) O desenvolvimento do espírito de equipe, uma vez que a produção dos blogs, sendo similar a de uma revista, leva-os a perceber importância e a necessidade de divisão do trabalho em diversas fases/atividades do trabalho de edição (tais como pesquisa, redação, revisão e diagramação).

e) A valorização do trabalho escolar, que deixa de ter um fim em si mesmo. Com isso, o trabalho não se esgota na sua entrega ou realização com vistas apenas à avaliação, pois o aluno deixa de realizar o trabalho para o professor e para a obtenção de uma nota, passando a escrever para um público leitor real. Além desse aspecto positivo, o resultado final permanece disponível a todo internauta, podendo servir aos professores de língua e literatura (ou outras artes) como apoio didático.

f) Maior interatividade entre professor e aluno, que deixa a atitude passiva e passa a produzir conhecimento, contribuindo para o curso durante todo o tempo, e não apenas nos momentos de seminário ou nas raras contribuições em sala, posto que são poucos que intervém com perguntas, comentários, discussões etc. – até porque muitos que gostariam de fazê-lo às vezes não o fazem devido à rejeição que poderão sofrer de alguns colegas. Em várias ocasiões aproveitei as postagens de alguns grupos para o desenvolvimento de aulas, trabalhando com a leitura e discussão de textos artísticos e críticos feitas por eles – o que, às vezes, levava-os a refazerem suas postagens ou mesmo a fazerem novas postagens sobre o assunto ou texto em discussão. Isso aconteceu de forma muito interessante e intensa na disciplina de Tópicos de Literatura Brasileira, em que a discussão inicial sobre o conto “Botão de Rosa”, de Murilo Rubião, feita com base em uma postagem do grupo que estava pesquisando sobre o conto fantástico, levou o mesmo a produzir mais três, aproveitando na redação dos novos textos as discussões realizadas em classe, incorporando opiniões, leituras e informações feitas pelo professor ou por colegas. Com essa prática, se rompe a unidirecionalidade do ensino bancário favorecendo ao aluno vivenciar a construção do conhecimento como um processo vivo, dinâmico e dialógico.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pode-se ver, a experiência realizada contemplou o uso dos blogs tanto como recurso assim como estratégia, conforme propõe Maria João Gomes (2005) e António Marcelino Lopes em estudo conjunto com ela - conforme apresentado na postagem anterior sobre "O blog como ferramento de ensino - problemas e proposições" e especialmente na postagem "O uso de blogs no ensino de literatura e redação", de setembro de 2009 . Aliás, acredito ter dado um passo além das proposições da pesquisadora portuguesa na medida em que se conciliou num mesmo blog as duas possibilidades de ação ao mesmo tempo em que se superou o uso deste como um portfólio por parte dos alunos.

Por fim, é importante informar que a relação dos temas desenvolvidos nos seminários da disciplina de Literatura Brasileira: Poesia – assim como o URL de cada blog produzido – encontra-se na página de descrição do blog-mãe Poetas do Brasil: http://poetasdobrasil.arteblog.com.br/p/profil. Também é possível acessarmos estes blogs através da relação dos “Favoritos” no menu do blog-mãe. Apesar de todos apresentarem um resultado final satisfatório, gostaria de destacar os três que considero os melhores devido à excelência alcançada e o perfil voltado para uma educação étnico-racial:

O blog como ferramenta de ensino – problemas e proposições

Na maioria das vezes o que se observa é a utilização do computador como pretexto para o ensino do manuseio do equipamento, para a digitação de textos, substituindo assim a máquina de escrever, e a utilização de programas de apresentação de slides. Atividades que nas palavras de Coscarelli “podem transformar o computador em um lindo quadro que não é mais de giz nem é negro, mas que vai funcionar em sala de aula da mesma forma que as tão conhecidas lousas, que servem de suporte para o professor apresentar todo o saber” (2007: 26). (GUIMARÃES, 2008, p. 715).


Podemos concluir que os professores se utilizam das tecnologias disponíveis, e no escopo deste trabalho o computador e a internet, apenas para suas necessidades básicas. O computador é utilizado para a reprodução de materiais, uma junção de mimeógrafo e máquina de escrever. A internet é utilizada para obtenção de informação geral e “elaboração” de materiais. Impera entre os professores a visão da internet como a virtualização da enciclopédia, sem qualquer vinculação com a possibilidade de seu uso para o aperfeiçoamento profissional.
O que se percebe no diálogo com os professores é que embora reconheçam as varias possibilidades apresentadas pela internet no campo dos estudos literários, eles não vêem essas possibilidades como algo passível de realização. (GUIMARÃES, 2008, p. 718).


A aquisição da informação, dos dados, dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor – o papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Dessa forma, o papel do professor passará para o de orientador e facilitador do conhecimento. (MORAN, 2007)


As utilizações potenciais dos blogs como recurso e como estratégia pedagógica são muito diversificadas e sobre elas faremos de seguida algumas considerações. Embora a distinção entre os blogs enquanto “recurso pedagógico” e os blogs enquanto “estratégia pedagógica” nem sempre seja clara e, frequentemente, seja de natureza algo arbitrária, vamos adoptá-la para efeitos de sistematização da nossa exposição. Enquanto recurso pedagógico os blogs podem ser:
.....a) Um espaço de acesso a informação especializada.
.....b) Um espaço de disponibilização de informação por parte do professor.
Enquanto “estratégia pedagógica” os blogs podem assumir a forma de:
.....a) Um portfólio digital.
.....b) Um espaço de intercâmbio e colaboração.
.....c) Um espaço de debate – role playing.
.....d) Um espaço de integração.
(GOMES, 2005, p. 312-313)


A utilização do Blog como ferramenta pedagógica [Oficina do Blog 2006] pode trazer diversos benefícios no processo de ensino-aprendizagem. Dentre os benefícios podem ser citados: a motivação (acompanhar a atualização da página todos os dias para ver se existem novidades), o trabalho em equipe (grupos trabalhando juntos para a elaboração de um Blog comum), o incentivo à pesquisa (a busca de conteúdos (novas informações, textos) em outras fontes para enriquecer o Blog), o desenvolvimento da criatividade (personalização do Blog: com links, ilustrações, etc.), a sensação de competitividade (os endereços dos Blogs de todos os grupos da turma ficam disponíveis), dentre outros.
Como um método de aprendizagem, o Blog ainda é considerado uma novidade na prática de ensino, porém aos poucos está ganhando espaço por ser uma técnica gratuita, de simples utilização e grande atrativo para o público infanto-juvenil. É um método classificado como simples pelo fato de que o usuário não precisa saber alguma linguagem de programação para criar seu próprio Blog, portanto os professores que ministram quaisquer disciplinas da grade curricular da escola podem facilmente manuseá-lo e, assim, preparar algumas aulas diferenciadas para apresentar seus conteúdos. Além disso, pode ser um novo canal de comunicação para a educação, incentivando o convívio e a aprendizagem de novas tecnologias. (BRUSAMARELO et alli., 2006, p. 347)


VEJA NESTE BLOG:

O uso de blogs no ensino de literatura e redação
9 Set 2009
O ciberespaço com sua organização em rede, que permite os enlaces intra e extratextuais que caracterizam o hipertexto, potencializa o desejo de um ensino interativo e dialógico capaz ...

Duas experiências com blogs no ensino de literatura brasileira
14 Set 2009


O trabalho com blogs feitos coletivamente pelos alunos ou em conjunto com o professor pode ser uma experiência muito gratificante. Para colocar em prática as leituras e reflexões que venho fazendo, faz duas semanas que iniciei com os ...


REFERÊNCIAS

BRUSAMARELO et al. A Utilização do Blog como Ferramenta de Ensino-Aprendizagem para o Ensino Médio na Escola Estadual Major Otávio Pitaluga. In: Anais do XXVI Congresso da SBC. Campo Grande/MS, 2006, p. 345–348. Disponível em: http://www.br-ie.org/pub/index.php/wie/article/viewFile/920/906 - acesso em 8/9/2010.

COSCARELLI, Carla V. Alfabetização e letramento digital. COSCARELLI, Carla V. e RIBEIRO, Ana E. (org). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: CEALE; Autêntica, 2007. p. 25-40.

GOMES, M. J. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. In: VII Simpósio Internacional de Informática Educativa. Leiria/Portugal, Novembro, 2005. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4499/1/Blogs-final.pdf. - Acesso em 10 de agosto de 2009.

GOMES, Maria João; LOPES, António Marcelino. Blogues escolares: quando, como e por quê? Disponível em:
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6487/1/gomes2007.pdf. - Acesso em 10 de agosto de 2009.

GUIMARÃES, José Ferreira. Internet e ensino de literatura: o que pensam os professores? In: II Conali. Anais. Maringá/PR:UEM. 2008. p. 714-719. (CD-Room)

MORAN, José M. Modificar a forma de ensinar. In: A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. São Paulo: Papirus, 2007. p. 30-32.

O que é um blog

(Ministrante Tânia Braga Guimarães)


Este post tem o objetivo de apresentar, de forma inicialmente bem didática, a discussão que será feita no tópico intitulado O que é um blog, do curso de extensão "Leitura e escrita em blogs". Para tanto, formulamos a pergunta: O que é um blog? No exercício de respondê-la, vejamos a primeira vez em que o termo foi usado e as razões para a sua rápida popularização:


O termo "weblog" foi primeiramente usado por Jorn Barger, em 1997, para referir-se a um conjunto de sites que "colecionavam" e divulgavam links interessantes na web (Blood, 2000). Esses sistemas proporcionaram uma maior facilidade na publicação e manutenção dos sites, que não mais exigiam o conhecimento da linguagem HTML e, por isso, passaram a ser rapidamente adotados e apropriados para os mais diversos usos. Além disso, a posterior agregação da ferramenta de comentários aos blogs também foi fundamental para a popularização do sistema. (AMARAL, RECUERO e MONTARDO, 2009).


Estudos apontam o alcance que essas páginas podem proporcionar às nossas ideias e links, e tudo o mais que compartilhamos na web, a partir do momento em que optamos por criar uma página e ativar esta ferramenta de comunicação. Como disse um expert: ''criou um blog, alimente-o, porque o público certamente virá".

Muito provavelmente, antes de chegar a esta página do grupo de pesquisa, você já visitou diversos outros blogs na chamada blogosfera (sem buscar uma definição exata, vamos entendê-la como conjunto de blogs) e conhece vários deles com diferentes propósitos comunicativos. O uso da ferramenta, que estamos fazendo aqui, de compartilhar as discussões do grupo de pesquisa, é apenas um dos possíveis.


DEFINIÇÕES DE BLOG


Cada vez mais populares, evidencia-se a possibilidade de potencializar as atividades de educação, a fim de despertar o interesse dos alunos para atividades de leitura e escrita, e é essa potencialidade que nos interessa.

Elencaremos algumas definições, sem a preocupação de eleger uma como a melhor, por acreditarmos serem, na verdade, complementares. As definições abaixo, mostram que, a compreensão de blog, foi mudando de acordo com o tempo, de modo a acompanhar os usos que os blogueiros começaram a fazer dessas páginas. Garfunkel (2004) identificou os seguintes traços:


1. website de cunho subjetivo ou não-comercial, tipicamente produzido por um único indivíduo;

2. formato de um diário organizado em ordem cronológica reversa, em geral atualizado todos os dias ou com bastante frequência;

3. referências a outros sítios da web e excertos comentados de outras fontes e impressões pessoais;

4. relatos da vida diária.


Definições se revelam problemáticas, pois, como sabemos, se tomarmos a primeira supracitada, esbarramos no uso que as empresas veem fazendo (um uso comercial, para divulgação) e também encontramos páginas com conteúdo gerenciado por 1, 2, 3 e até bem mais pessoas. (Como, por ex:. o Te dou um dado - TDUD, gerenciado por três administradores). Por isso, as definições são apenas guias para este momento da discussão. Além de Garfunkel, outros pesquisadores fizeram uso de definições aproximadas às suas:


1. sítio dedicado a coletar links para outros sítios da rede mundial de computadores e comentá-los.

2. textos organizados por ordem cronológica reversa, datados e atualizados com alguma frequência (HERRING, KOUPER, SCHEIDT E WRIGHT, 2004; BLOOD, 2002; NARDI, SCHIANO E GUMBRECHT, 2004).

3. diários pessoais, (CARVALHO, 2000; LEMOS, 2002; ROCHA, 2003; MIURA E YAMASHITA, 2007).


Acepções diversas foram criadas do decorrer dos seus 10 anos de existência e evolução dessas ferramentas, na medida em que os usuários foram plasmando a experiência de blogar. Podemos, portanto, definir tais páginas a partir de diferentes elementos como estrutura ou funcionalidade.


DEFINIÇÃO ESTRUTURAL


Blood (2002): página da web atualizada frequentemente com entradas datadas, as mais novas posicionadas no topo, contando quase sempre com espaços para comentários.

Blood (2002): usos têm em comum o formato, constituído pelos textos colocados no topo da página e frequentemente atualizados, bem como a possibilidade de uma lista de links apontando para sites similares.

Schmidt (2007): websites frequentemente atualizados onde o conteúdo (texto, fotos, arquivos de som, etc) são postados em uma base regular e posicionados em ordem cronológica reversa.


DEFINIÇÃO FUNCIONAL


Pedersen; Macafee (2007): função primária > meio de comunicação.

Marlow (2004): conversação massivamente descentralizada > autores escrevem para a sua própria audiência.


Para os autores que preferem a definição funcional, o blog é mais do que uma ferramenta de publicação caracterizada pelo seu formato; é uma ferramenta de comunicação, utilizada a fim de publicar informações para uma audiência.


A concepção adotada vai nos direcionar quanto aos usos que faremos dessa ferramenta, que, a partir de uma estrutura em comum e padronizada, pode tomar proporções comunicativas ilimitadas e até mesmo inesperadas por meio da elaboração do seu idealizador (ex.: Site Jovem Nerd). Entendê-lo como ferramenta, será tão somente o nosso ponto de partida. O que nos interessará é como podemos utilizar os nossos blogs como um espaço para socializar saberes.


PS: Todas definições de blog aqui mencionadas foram retiradas do livro: Blogs.com: estudos sobre blogs e Comunicação. Organizado pelas pesquisadoras Adriana Amaral, Raquel Recuero e Sandra Portella Montardo.

Cibercultura e Formação de Professores

Todos aqueles que estão familiarizados com a dinâmica da educação sabem, há um bom tempo, que os professores não são a sede de um saber inequívoco que deve ser passado a uma passiva sala repleta de alunos que receberiam o conhecimento como um saco vazio à espera de quem o preencha. O processo de ensino-aprendizagem é dinâmico e se traduz em uma via de mão dupla na qual tanto o educador quanto o educando desempenham papéis importantes e ativos. Embora esse discurso seja extremamente familiar, ainda encontramos educadores que demonstram resistência diante desse processo de descentralização valorativa que reconhece os atores da educação em termos que, embora possam ser distintos, atualizam-se na mesma importância e relevância.

No caso das demandas realmente atuais, tal cenário potencialmente complicado é ainda mais evidente, uma vez que a natureza do ciberespaço e da cibercultura descentraliza ainda mais, em termos tanto valorativos quanto informacionais, todo o contexto da educação. O que considerar hoje como informação válida ou referendada? Como determinar o limite entre a busca de fontes e o plágio? Em que medida a internet atua como inimiga ou aliada do professor no momento em que este se depara com um aluno completamente acostumado a uma busca e disseminação de informações em tempo real e em constante atualização? Essas são questões que nos assaltam por vezes e, no caso de professores formadores de leitores e escritores (ainda que sem a conotação estritamente “artística” do termo), algumas outras ainda podem surgir, tais como: qual o espaço que restou à literatura tradicional no contexto cibercultural? O ato de leitura e o ato de escrita estão se perdendo ou se transformando? O pode e o que deve fazer o professor diante desse quadro ainda repleto de incertezas? Essas são algumas outras questões que podem surgir, mas definitivamente não são as únicas.

Para buscar respondê-las ou ao menos problematizá-las, em um terceiro momento de nosso curso, partamos novamente de alguns trechos de obras que tocam o tema e que nos ajudarão em nossa discussão.

Sobre a virtualização do texto e da leitura:

Pode-se dizer que um ato de leitura é uma atualização das significações de um texto, atualização e não realização, já que a interpretação comporta uma parte não eliminável de criação. A hipercontextualização é o movimento inverso da leitura, no sentido em que produz, a partir de um texto inicial, uma reserva textual e instrumentos de composição graças aos quais um navegador poderá projetar uma quantidade de outros textos. O texto é transformado em problemática textual. Porém, mais uma vez, só há problemática se considerarmos acoplamentos humanos-máquinas e não processos informáticos apenas. Então se pode falar de virtualização e não mais apenas de potencialização. De fato, o hipertexto não se deduz logicamente do texto fonte. Ele resulta de uma série de decisões: regulagem do tamanho dos nós ou dos módulos elementares, agenciamento das conexões, estrutura da interface da navegação, etc. No caso de uma hipercontextualização automática, essas escolhas (a invenção desse hipertexto particular) vão intervir ao nível da concepção e da seleção do programa. (LÉVY, 2001, p. 41-2)


Sobre a relação do texto com o computador:

Considerar o computador apenas como um instrumento a mais para produzir textos, sons ou imagens sobre suporte fixo (papel, película, fita magnética) equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o aparecimento de novos gêneros ligados à interatividade. […] O computador é, portanto, antes de tudo um operador de potencialização da informação. (LÉVY, 2001, p. 41)

Sobre o hipertexto:

Um hipertexto é uma matriz de textos potenciais, sendo que alguns deles vão se realizar sob o efeito da interação com um usuário. Nenhuma diferença se introduz entre um texto possível da combinatória e um texto real que será lido na tela. […] O virtual só eclode com a entrada da subjetividade humana no circuito, quando num mesmo movimento surgem a indeterminação do sentido e a propensão do texto a significar, tensão que uma atualização, ou seja, uma interpretação, resolverá na leitura. (LÉVY, 2001, p. 40)

Sobre a atuação do professor e os recursos tecnológicos:

Infelizmente, uma parte dos educadores adota uma certa tecnologia apenas num dado momento de sua carreira: a televisão, o rádio, o retroprojetor, o projetor de slides e, mais recentemente, o computador, recursos que acabam sendo “parafernálias eletrônicas” que o professor utiliza apenas para não ser considerado “quadrado”, ou para ter maior segurança, ou para obter status perante seus colegas. E a outra parte lamenta-se por não ter em sua escola tecnologias disponíveis: “eu quero me atualizar, mas não me dão condições…”. Notamos que, na maioria dos casos em que esses equipamentos são adquiridos, acabam sendo jogados em um depósito, onde, por fim, deterioram-se. Frequentemente, lamenta-se pela sorte dessa aparelhagem eletrônica “tão generosamente cedida pelo Estado” ou “adquirida com tantos sacrifícios pelas Associações de Pais e Mestres”. Fala-se em desperdício, mas raramente se pergunta o porquê desse destino.

Grande parte da má utilização das tecnologias educacionais, ao nosso ver, deve-se ao fato de muitos professores ainda estarem presos à preocupação com equipamentos e materiais em detrimento de suas implicações na aprendizagem. De um lado, as inovações – referentes a novos métodos de ensino ou ao emprego da televisão, de slides, de vídeo e, agora, do computador – têm esse apelo de deslumbramento; de outro, elas não são integradas facilmente ao cotidiano escolar. (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2008, p. 40-1)


Referências

BRITO, G.; PURIFICAÇÃO, I. Educação e novas tecnologias: um repensar. Curitiba: Ipbex, 2008.

LÉVY, P. O que é o virtual? Tradução Paulo Neves. São Paulo: 34, 2001.